... Canova tinha um fascínio pelas mãos e pelos dedos


(Mensagem recebida)
Meu admirador, meu admirador de mim esbelta e única, tenho andado arredia e sem dar notícias, que quer, há dias assim, que se há-de fazer, entro na sua mente e respeito o seu silêncio. Se sei a razão de ser do seu silêncio? Claro que sei, adiante. Olhe só a imagem que lhe envio (frente e verso): mostra uma obra célebre (Cupido e Psique) que atesta o raro talento de António Canova (1757-1822) cujas obras devem ser apreciadas à volta, i.e, de vários pontos de vista. Porque é que escolhi este autor e esta obra? Santo Deus, puxe pela cabeça, que preguiça a sua! Vamos lá. Primeiro, porque na obra se valoriza o corpo e sabe bem que eu sou o meu corpo, ele é a minha alma intensa e o meu objecto transitivo na vida: com ele sinto o odor delicado da terra ao romper do dia, céus, há dias em que até gracejo com os meus olhos grandes. Depois, porque gosto e gosto e gosto de saber que o surpreendo quando lhe garanto que Canova é considerado (e muito bem) o recuperador com amor e plasticidade da "arte perdida" da escultura e que tinha um fascínio pelas mãos e pelos dedos (e por outras partes também, digo eu que não me acanho). Ponto, vida minha, até oiço o seu pulso a soar no meu ouvido como um pequeno sino a tilintar. Sou assim que se há-de fazer! Não sabe quem foi António Canova?! Surpresa minha nenhuma!
Adenda
..., e quando tomo consciência da beleza, lembro-me do pensamento do John Searle, vida, porque será?

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