As palavras são memes que podem ser pronunciados

A propósito das leis da evolução, Richard Dawkins inventou o termo «meme» porque rima com «gene», estabelece uma ligação com a memória (lugar onde se alojam os memes) e tem uma aproximação à palavra francesa «même» e à palavra grega mimesis. Se estivermos atentos, verificamos que a palavra soa bem e que nos sugere um conjunto de coisas directamente relacionadas com o que ela representa.
Relembremos as propriedades de um sistema darwiniano. 
O que é fascinante, neste sistema, é que os processos algorítmicos simples e cegos conduzem a uma acumulação adaptativa até ao aparecimento de estruturas verdadeiramente complexas. Um sistema darwiniano assenta em três condições principais: a informação deve ser capaz de produzir descendentes que sejam cópia; um outro processo deve de forma rotineira gerar uma nova informação; são necessárias forças capazes de fazer com que certos elementos de informação deixem mais descendentes que outros.
É ainda importante que a taxa de mutação dos genes seja fraca e que as mutações tenham a particularidade de permitir pequenas mudanças progressivas. De outra forma, podemos dizer que as três funções do darwinismo – variação, selecção, amplificação – são a maior parte das vezes interpretadas como fruto de uma luta pela existência terminando em algo que ganha e em algo que perde; esta interpretação é simplista, já que há uma infinidade de associações possíveis entre organismos e que vão da indiferença a uma total simbiose ou que até passam pelo parasitismo: a evolução não tem direcção e os organismos vivos não são escravos destinados a propagar o seu genoma egoísta mas são seres que incorporam na sua hereditariedade as suas pré-disposições.
O mesmo processo parece acontecer com a evolução das organizações: são organismos vivos que aprendem e que, também, incorporam nas suas cópias as suas propensões para estar, para agir e para mudar. Será que, por isso, também podemos considerar as instituições são um exemplo empírico de evolução cultural? Não é verdade que ainda que as regras de uma instituição possam estar escritas, o seu funcionamento é muito mais flexível e as instituições são sempre copiadas de forma imperfeita?
Paremos um pouco para pensar.
Ouçamos com muita atenção Daniel Dennett, para quem os produtos do engenho humano são também frutos da árvore da vida e, por isso, obedecem às leis da evoluçãoAQUI
Se "tertuliassemos" agora sobre as perspectivas das implicações meméticas, será que teríamos mais cuidado com os mal entendidos que as palavras também podem provocar?
Se sim, porquê?

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