Com a vida devemos ter uma relação poética e pensante, pois não devemos?


(msg recebida)

Não sei não, não sei mesmo, não sei se, navegando ontem, sem bússola, num sonho lúcido, também me encontrei consigo a noite passada. Foi assim. Dormia eu a sono solto, penso eu de que, quando ouvi passos lentos, lentos em jeito de quem se apoiava em sabrinas brancas em pés de bailado, arrepiei-me, céus! E, então não é que, naquele preciso instante, vi estampado na parede branca, da minha sala, essa mesmo, essa sala onde mora um baú de cerejeira, vi um quadro sem moldura (demore-se na imagem acima), que não me lembrava de ter pintado? Olálá!, exclamei beliscando-me, estou a olhar para um desenho de uma página do meu caderninho preto argolado, um desenho que não é meu, e se não é meu, como é que aqui veio parar? Depois, depois é que foram elas, senti-me numa reunião a cinco vozes, e uma voz (não a sua) disse: estamos aqui, nesta sala prístina e organizada com vista para um jardim acolchoado de árvores e arbustos, catita, estamos aqui, continuou, numa reunião do nosso grupo espiritual "The Five", e tu és a Hilma af Klint: conta-nos tudo o que te vai alma da tua nova vida. Primeiro, embatuquei em dificuldade física em me crer existente e, logo depois, trémula, respondi que não contaria nada de mim, que o quadro não era meu, e frisei que eu não era essa tal de Hilma af Klint. Mas ela, teimosa em velocidade caracol, insistiu: a palavra teosofia não te diz nada? Foi quando pensei em si. Por causa da palavra teosofia, sim, e também porque me recordei das suas trapalhices a virar as esquinas de ideias  quando, em tempo que já lá vai, me tentou explicar os mui célebres três sonhos de R. Descartes, ocorridos em 10 de Novembro de 1619. Hoje, acordei ainda a manhã ia alta, por volta das cinco mais coisa menos coisa, atordoada e sem jeito, alagada em suores. Ainda não estou em mim, os sonhos, ui os sonhos!, será mesmo que temos mais que uma vida?, às tantas, sim!, haja quem nos acuda! Com a vida devemos ter uma relação poética e pensante, pois não devemos? Adiante, já percebi, está banzado de todo, a sua mente é um torvelinho em dia de céu cinzento e morrinha com o sol a fazer negaças. Aconselha-me a ouvir o Michio Kaku, antes de me aventurar sem medo de adamastores nas ondas da onirologia? Bem pensado, arrisco, quiçá este nervoso miudinho, invisível melodrama-rio de mim em mim, serene uma vez que seja. Oxalá!

Adenda, com memória.

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