A ideia de que o Universo é inteligente, que é um ser pensante, é uma ideia compatível com tudo o que se sabe até agora

O dia das eleições legislativas, o próximo dia 10 de Março, aproxima-se a passos largos com o sentido de voto  quase decidido, e pumba!, aí estão mais uns dias de frio e neve, com temperaturas à volta dos 10 graus, por vezes com quedas até aos 5, duas ou três noites com de menos 1. O céu tem estado ininterruptamente sombrio, houve três quartos de hora de sol dias atrás, outros dois quartos de hora ontem, e hoje de manhã o céu está vagamente azulado, mas lá para a tarde há promessas de mais frio, e até de neve aos trambolhões esfarrapados, chilreio de passarada é que nada mesmo. Adiante. Rascunhava eu estas linhas, quando, sem tem-te nem mas, a propósito do tempo e do céu ensombrados, me lembrei do pensamento do filósofo Anaxágoras (estátua na imagem acima).

Lembrei-me, dado que, um dia destes, durante um bom par de horas, andei às voltas, arriscando saber um pouco mais sobre o conceito de "Universo semelhante ao cérebro humano". Um conceito, aventado/inventado pelo filósofo pré-socrático Anaxágoras, que está a ganhando foros de popularidade e não só na comunidade científica. Num dos seus fragmentos ((o fragmento 13 (tinha que ser 13!)) escreveu Anaxágoras: "E quando o "Nous" começou a mover as coisas, ocorreu a separação de tudo o que foi movido e, quanto mais o "Nous" se punha em movimento, tudo se separava. Ao serem as coisas postas em movimento e separadas, a rotação as fez separarem-se ainda mais.". Aí está: a ideia de que o Universo é algo como um organismo (ou um cérebro) foi pensada por Anaxágoras, quando disse que é uma força cósmica inteligente, o "Nous", que orienta o desenvolvimento do Universo em direção a um estado de existência mais organizado. 

O "Nous" pode ser entendido  como o principio de auto-organização, e, por mais louca que pareça, a ideia de que o Universo é inteligente, que é um ser pensante, que evolui e que aprende, é uma ideia absurda, mas é uma ideia absurda que é compatível com tudo o que se sabe até agora, soprou-me a minha consciência crítica em voz suave, quase tímida. Embatuquei de sobrolho franzido, mas ainda arrisquei perguntar-lhe: se o Universo é um pensamento então os seres humanos não são nele as únicas entidades pensantes, certo? Bingo!, aí tens: na pergunta mora a resposta.

Adenda com memória e memória.