Meu tempo é quando, sussurrou uma voz no vento


Assevera - com propriedade* - Roger Scruton que os seres humanos são os únicos animais que mostram a sua individualidade nos traços do seu rosto, seja: a boca, o olhar, a pele, mais do que feições, são signos de liberdade e de carácter e de juízo e de beleza. Vem isto a propósito de, sem tem-te nem porquê, me  ter confrontado com os traços finos do rosto da "Dama de Elche", uma "rainha moura" no saber dizer do povo. A relação que muitas línguas continuam a estabelecer entre a eliminação de um rosto (to deface, effacer, sfasciare) e o desvirtuamento de ser ou a destruição da beleza não é uma coincidência fútil: do vazamento dos olhos de pinturas e de esculturas até à monstruosoa destruição dos plácidos rostos dos "Budas de Bamiyan", quantas não foram as vezes em que a lei-canalha do esquecimento se impôs aos desejos misteriosos que se acolhem num rosto! Surpreendido, pedi à inteligência artificial que me falasse da beleza do rosto daquela mulher (ricamente ataviada) que, descoberta em 1897, foi apelidada de "rainha moura", e..." O rosto da Dama de Elche, uma famosa escultura ibera do século IV a.C., é considerado uma representação da beleza clássica. Ela possui traços delicados e simétricos, com uma expressão serena e tranquila. A sua aparência é marcada por um nariz fino, lábios suaves e olhos grandes e expressivos. Essa beleza clássica é valorizada pela sua elegância e harmonia, característicos da estética da época." Se consigo entender os desejos que se escondem no rosto da "Dama de Elche"? Sim, entendo, quem disse que nas obras de arte viajam segredos? Meu tempo é quando, respondeu uma voz no vento.


Adenda..., com a beleza sonora de Cavatina (à mão de ouvir e apreciar) e com a cúmplice memória proustiana a tiracolo.

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