A beleza essa que cura, que ensina


Hoje é dia certo para ouvir (aqui) Louise Gluck e é dia azado para ler um poema seu, este:


Venha para mim, dizia o mundo.

O que não significa 

que o mundo falasse em frases exactas

mas que era assim que eu sentia a beleza


Aurora. Uma película de humidade

em cada coisa viva. Poças de luz fria

se formavam nas calhas.


Eu em pé,

na soleira da porta,

ridícula, hoje me parece.


O que outros viam na arte,

eu via na natureza. O que outros viam

no amor humano, eu via na natureza.

Muito simples. Mas ali não havia voz.


O inverno estava encerrado. Na terra derretida,

filetes verdes apontavam.


Venha para mim, dizia o mundo. Eu em pé

no meu casaco de lã numa espécie de portal luminoso -

por fim posso dizer

faz muito tempo; o que me dá um parecer considerável. A beleza

essa que cura, que ensina -

Comentários

Mensagens populares