No dia em que Natália Correia faria cem anos
"Cansamo-nos de tudo, excepto de compreender", assim escreveu Fernando Pessoa, em dia azado, o que lhe ditou o seu alter ego Bernardo Soares. Sabendo que o sentido da frase é difícil de atingir, neste dia 13 de Setembro de 2023, dia em que Natália Correia faria cem anos, repesquei, com memória a tiracolo, um desenho (pastel de óleo azul sobre papel - 1986) de Artur Bual, que mui bem a retrata: "Retrato de rosto feminino, seccionado pelo pescoço, cabeça quase frontal e erguida contemplando um ponto acima. Numa das faces é visível o contorno do nariz, os lábios carnudos e o traço da sobrancelha arqueada encimando o olhar para o alto, suficientes para traduzir a presença impactante e forte da personalidade da retratada. O cabelo é esboçado em linhas sinuosas que sugerem as madeixas soltas e reviradas". Se este combinar um retrato com uma memória também pode ser uma forma de olhar tremulamente para a vida? Claro que pode ser! É assim a modos que intuir como o mistério do mundo se esculpe sem pedir licença.
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