Importa dizer o que tem que ser dito: o rei vai nu!

A intervenção que Sérgio Sousa Pinto - um socialista há quase trinta anos (sempre) deputado e "provavelmente o político que melhor desenha no mundo" - fez, na Associação Comercial do Porto, deve ser ouvida e ponderada e divulgada. Concorde-se ou não se concorde com o que ele pensa (ser político pode ser profissão?, claro que não pode!) e com o que ele diz com saber e propriedade, a verdade é que ele põe, respondendo a perguntas diretas, os dedos numa ferida que sangra: o soalheiro Portugal, onde a miséria é antiga como a nacionalidade, agoniza,  as "elites políticas" assobiam para o lado, os interesses instalados, compinchas, ditam o que se deve ou não se deve fazer (pondere-se na saga do sempre adiado e malfadado novo aeroporto de Lisboa). No mesmo tempo, os decisores políticos, capturados, aceitam fazer tudo, aceitam fazer tudo menos fazer reformas, por exemplo, preferem manter em funcionamento a máquina burocrática e quadrilheira de um Estado, velho e revelho e cada vez mais omnipresente. Existe um gigantesco déficit reformista no país!, diz-se, e mais, aventa-se que tudo se pode mudar menos fazer reformas nas estruturas apodrecidas do actual regime democrático português. Adiante que se faz tarde, muitas culpas se deitam, muito medo se sofre, muito se espera e se adia, muito se discute, muito café se bebe. A menos de um ano da comemoração dos cinquenta anos do 25 de Abril (revolucionário) de 1974, há que mobilizar a sociedade, importa dizer o que tem que ser dito: o rei vai nu!

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