Que é, e para que serve a Ética?

Há, em Portugal, um vício antigo que, pasme-se!, até pelos mais altos responsáveis políticos e partidários é alimentado, o vício de que os portugueses (e as portuguesas, como agora sói dizer-se) são os melhores, em tudo, não vá algo ficar de fora: desde o futebol às touradas, das praias às paisagens e ao céu estrelado, até ao azeite, aos vinhos e à cortiça, e por aí adiante. A verdade, porém, é que assim não é. Pelo menos, eles (e elas),  os (responsáveis políticos e partidários) não são os melhores a perceber que em Portugal se vivem momentos particularmente difíceis. Perguntas a que importa dar resposta: porque é que não são capazes de olhar com isenção e com humanidade para os serviços públicos? Qual a dificuldade em perceberem que já impera, sem concerto nem cura, a falta de cuidado e de atenção perante a fragilidade social dos portugueses mais vulneráveis? Não conseguem ver que o desprezo pelos mais pobres é manifesto, que as filas de espera para os serviços de saúde são um caos instalado, que a escola pública agoniza, que a vida nos bairros suburbanos é esquálida e que a vida no interior do país está votada ao deus-dará? Mandam a ética às malvas, não há volta a dar, com aborrecida tristeza te digo que é a insistência num modelo de economia de mão-de-obra barata que, ao mesmo tempo, dita a exploração de imigrantes ilegais e até já leva os académicos e os cientistas a viverem em crises de oportunidades, soprou-me a minha consciência crítica, mas que raio de vício manhoso, uma treta apregoada aos sete ventos com falta de ética, isso sim, isso é que ele é!, revisita o pensamento da Adela Cortina, rematou. Assim fiz.

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