H. Damisch: um objecto teórico é um objecto que provoca outros objectos


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Gostava que nos falasse um pouco da sua ideia de objecto teórico. Será possível?

Sim. A ideia de objecto teórico constituiu matéria de um colóquio que tivemos em Urbino há 30 anos. Acabámos de fazer novamente um colóquio em Urbino com o grupo de todos os especialistas italianos em semiótica, Umberto Eco e outros. O objecto teórico, é um objecto….Talvez começar por dizer que criei na École des Hautes Études um centro que se chama precisamente Centre d’Histoire et Théorie des Arts. A ideia é que não podemos fazer história se não fizermos um pouco de teoria e que não podemos fazer teoria se não fizermos um pouco de história, muita história. Creio que dissemos tudo ao afirmar isto. O objecto teórico é um objecto que provoca outros objectos. É um objecto que não pode ser estudado por si próprio. Para nos aproximarmos dele é necessário referir outros objectos. É aí que a análise estrutural começa: o que nos faz escolher os outros objectos que permitirão abordá-lo? Chegamos então ao que se pode designar como um método comparativo. Não há história da arte senão nesta perspectiva. Diria por isso que, mais do que estrutural, tudo é comparação. Como funciona isto? Questionando as diferentes maneiras de uma paisagem ser uma paisagem, as diferentes maneiras de um retrato ser um retrato, as diferentes maneiras de uma cena de batalha ser uma cena de batalha, de uma obra abstracta ser uma obra abstracta, etc. É a partir daqui que podemos perguntar o que se transforma.

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Hubert Damisch - Aqui.

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