A propósito de: "Cuidar uns dos outros: um novo contrato social"

Nas aldeias em política tudo é diferente, tudo mesmo. No que toca à actual crise política em Portugal e às eventuais (muito mais que certas) eleições legislativas a realizar no início do próximo ano de 2022, atente-se: (i) no adro da igreja à saída missa de domingo, o rude e destravado discurso mais mais consensual é que tudo é farinha do mesmo saco, um saco de gatos mal-avindos é o que os políticos são, uns trastes (nem todos valha a verdade) que se escondem em moitas de silvas quando lhes dá jeito, pelo rótulo da embalagem não são grande coisa, mandaram os problemas dos portugueses para o galheiro, são teimosos que nem mulas e do que falam pouco é da sua lavra, ainda os milhares de mortos da Covid não arrefeceram e já andam no ar promessas e mais promessas, que se amanhem e que lhes faça bom proveito, votar para quê?, só se for no Chega, desgraçadamente vai ficar tudo na mesma e quem se lixa é o mexilhão, mudem este sistema eleitoral que já não tem ponta por onde se pegue; (ii) à mesa do café, os comentários mais não são que entretém e passatempo com valia igual aos cochichos e aos chuchuchus das comadres que nas esquinas polidas ou nos balcões de pedra (os antigos e mui célebres jornais falados) sentenciam de sobrolho franzido o que à boca pequena todos dizem: que garotada engalfinhada!, hão-de ter todos um lindo enterro!, aqueles não são flores que se cheirem e aquelas não lhe ficam atrás, se viessem mas é apanhar azeitona logo viam o que a vida custa, mas não, é só bazófias, sempre de mão estendida na Europa (já posso ir ao banco?) e o dinheiro a levar sumiço, justiça cega!, não se atrevem a cortar a direito, querem é bons carros, boas casas e o quentinho dos lençóis, bons ordenados, vida fácil, eles e elas, Adãos e Evas que são um barro só, tudo gente da mesma igualha, gente que incendeia a casa e agora diz que quer apagar o fogo, são como o Chico da Sara que sendo aprendiz bombeiro apichou fogo ao pinhal do Zé Entendido para se mostrar de capacete e viseira, vão mas é bulir que a vida faz-se a trabalhar, a vida é dura de roer, é a realidade. Nas aldeias em política tudo é diferente e nas cidades há muitas aldeias (verdadeiras micropátrias) e a classe política ainda não deu por isso, não entendeu que ninguém a leva a sério, ainda não percebeu que para quebrar as desigualdades é imperativo instaurar um novo contrato social: cuidar uns dos outros. Oxalá o tiro eleitoral lhe não saia pela culatra. Só faltava, era só o que faltava mesmo, que o modelo político dos últimos seis anos (que ruiu por si próprio, óbvio) renascesse das cinzas para pior. Deus nos livre e guarde, não seria bonito de ver!

Adenda 1..., agora é hora de ouvir Minouche Shafik falar nisto: "Cuidar uns dos outros: um novo contrato social"

Adenda 2..., com um concerto de Nelson Freire em Brasília.

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