É saudável desafiar o senso comum

















René Magritte – Personal Values, 1952 – óleo sobre tela – 80 x 100 cm - San Francisco Museum of Modern Art (SFMOMA), San Francisco, California, USA

(msg recebida)

Ontem, meu caro, dei por mim a imaginar sentidos outros nos seus escritos, gosto dos seus escritos com mensagens escondidas, com segundos e terceiros sentidos, céus!, enganei-me redondamente, antes assim, adiante. Vai daí, dei comigo a revisitar a obra do René Magritte, pausadamente. Vida!, em tempos que já lá vão garantiu-me ele que era urgente desafiar o bom senso, e que ele o fazia bem através das suas pinturas. Recordo-me às mil maravilhas, esta minha memória proustiana!, recordo-me de, num fim de dia e com uma xícara de chá como testemunha, ter com ele trocado impressões sobre a pintura (na imagem acima) - uma sala de coisas familiares com proporções humanas - que hoje lhe envio a si, e bem me lembro de ele me ter dito (ipsis): "na minha pintura, o pente (e os outros objectos também) perdeu o seu carácter social, tornou-se um objecto de luxo inútil, que pode deixar o espectador sentir-se perturbado, e esta é a prova da eficácia da imagem". Estou neste momento, meu admirador, estou a ler o que vai na sua mente, seja: leio que esta pintura convida a reflectir, que todas as pessoas têm o seu próprio conjunto de valores pessoais e que para cada pessoa o seu valor (seu dela) não pode ser medido, como é simples!, gosto e gosto. Como diz? Que sendo assim é o que está por detrás da pintura que lhe dá o sentido? O quê?!, gosto! Diz que os objectos conservam qualquer coisa dos olhos que os viram? Oh meu Deus! Diz que um objecto onde esteja escrito o meu nome contém entre as letras do meu nome o vento do meu riso e o sol brilhante da minha inteligência? Via minha!, isso, bingo, é isso mesmo: na pintura do René Magritte a descrição dos objectos e a relação mútua entre eles incentivam mandar às malvas os conceitos e os sentimentos a eles ligados, e esta foi a arte que ele encontrou de desafiar o senso comum. Se é possível evocar a estranheza e a ambiguidade da realidade? Que surpresa nenhuma!, olha a novidade!, (rimou, ups!), atente mais uma outra vez na imagem acima. É saudável desafiar o senso comum, pois não é? Óbvio que é!

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