Ena pá!, já é possível escrever pensamentos com a mente, fixe!




















Ena pá!, já é possível escrever pensamentos com a mente, fixe! Não, mais uma outra vez, não, dei comigo a suspirar, outra vez a minha consciência, que vive entrelaçada na floresta do meu destino, a azucrinar-me o juízo, mais, a fazê-lo num tipo de linguagem a que não estou habituado, que susto, que se terá passado? Nada, não se passou nada, nadica de nada, a não ser confirmar que o meu vício da curiosidade me não dá tréguas, seja, estou deveras radiante, eufórica, depois de aqui e de aqui ter percebido a importância de ser possível escrever pensamentos com a mente, sabe bem que adoro descobrir os pormenores íntimos das coisas, quão tanto de bom poderá ter esta inovação tecnológica para umas quantas (tantas) pessoas com incapacidades!, fico feliz!, ui, vida, se conseguisse ler o que me vai no coração! Uma consciência tem coração?!, duvido, mas uma metáfora, por mais inesperada que seja, sempre se liga estreitamente aos pensamentos, comentei comigo, e respondi: não é de menos o seu espanto e a sua felicidade pela existência de inovações tecnológicas nas ramagens da sociedade, eu até já ouvi falar na existência de um teclado virtual que dissolve mistérios. Não me diga e nem me conte mais nada, interrompeu, estou muito contente porque, para além de ser uma excelente inovação tecnológica, dizem os especialistas que estes interfaces-cerebro-computador poderão ter um impacto significativo na medicina orientada para a reabilitação física: porque (sendo pensar uma forma de viver vadios da realidade) ao ser possível escrever os pensamentos com a mente, pode aproveitar-se uma habilidade que não se perde com as incapacidades. Como diz?, atrevi-me, diz que pessoas com problemas de mobilidade, por exemplo, conseguem activar as mesmas áreas cerebrais ligadas aos movimentos físicos que não podem realizar, desde que pensem nesses mesmos movimentos físicos? Bingo, exclamou, nem mais, o cérebro não precisa de manual de instruções (já vem preparado para o que der e vier), registe que basta existir para se ser completo e o que de mais importante temos para dizer nem sempre o proclamamos em voz alta. Em jeito de despedida fugidia, ainda a ouvi trautear: mas quão espertinho ele me saiu, vida, vida minha gratuita!, saiu-me muito melhor que a encomenda! E eu, naquele instante, senti-me apertado na moldura, ponto.

Adenda (não a propósito)
Gostei de ler (e de reler) isto: 
- quem sabe, nostalgias à parte, também a sua leitura (e releitura) - alargando-se o conceito de património - possam servir para alertar as consciências políticas e possam servir para pôr na ordem do dia a vida muito difícil que muitas pessoas ainda vivem no Interior (ciclicamente abandonado) de Portugal.

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