A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as coisas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.
Um poema e uma imagem que são uma realidade (esmeralda): frágil e preciosa
Se um texto era, para os autores romanos, tecido, então este delicioso poeminha de Alberto Caeiro (F. Pessoa) corresponde, tal e qual, a tal definição. Que pretenderia ele ao escrever o poema? Quem sabe, talvez, mostrar que o que de mais importante sonhamos e temos para dizer nem sempre o proclamamos em voz alta. As crianças, escreveu Walter Benjamin, “conhecem um emblema desse mundo, a meia, que assume a estrutura do mundo dos sonhos quando, enrolada na gaveta da roupa, é ao mesmo tempo bolsa e conteúdo”. Como as crianças que com a bolsa e o conteúdo criam a meia, também assim, nesse jeito criativo, a imagem se solta da tecitura do poema abrindo as cortinas da memória e da beleza.
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