Variações à roda da importância da rotina de respirar pelo nariz

Hoje, um domingo de chuva oblíqua em que nuvens em forma de camelo (ou será em forma de doninha gigante?) vagueiam à deriva no céu, fácil é constatar que o manto diáfano da fantasia com que decisores políticos tentam cobrir o seu desnorte - empurraram o confinamento com a barriga e deram um tiro no pé - no combate à presente crise pandémica, começa a dar de si e já apresenta vários rasgões. Percebe-se que assim é, quando a mentira é uma arma de arremesso. Alguns deles, sem pejo, mentem por dá aquela palha e com facilidade atrevida (considere-se, a título de exemplo, *a proibição das aulas on line que, pelos vistos, ninguém proibiu!). Mais. Canhestros, eticamente quase a tocar no fundo, estão-se nas tintas para as consequências (**graças à Covid-19 já morreram mais de 5000 pessoas neste mês de Janeiro), começam a ser um estorvo: atente-se que as palavras maldosas adormecem nas orelhas dos patetas. Pois sim, seja, o mundo é feito de teias urdidas e de jogos de cabra-cega, mas nós, apavorados e de posse destas sensações dolorosas e confusas que mais se parecem com um barco de quilha para o ar (e o que também se passa nas tv´s é do domínio do patológico e do absurdo!), regressamos a nós: até dói saber que assim é, que arrelia tamanha, nem palavrar nos apetece. Um dia haverá, de certeza, em que se chamarão os nomes aos bois e se pedirão contas. Oxalá, oxalá que sim, oxalá que os responsáveis paguem com línguas de palmo os seus ziguezagues sem decência e sem humanismo. Adiante. Num tempo pandémico assim, importa manter a calma e a cabeça fria e não deixar de cumprir as regras escrupulosamente. Para manter a calma e a cabeça fria há que aprender a respirar bem e mui lentamente porque o nosso cérebro sabe muito bem como nós respiramos. Dizem os resultados de alguns estudos, no âmbito da neurociência, que a informação da forma como respiramos é utilizada pelos neurónios (no cérebro) para enriquecer ou para empobrecer a atenção e a memória. E, surpresa das surpresas, a respiração pelo nariz influi nas respostas emocionais do cérebro, um poder de influenciar que a respiração pela boca não tem: daí que desacelerar a respiração permita optimizar as capacidades cognitivas e assim melhorar o bem estar corporal. Que fazer a partir de hoje em tempo de "fique em casa"? Primeiro, para que o cérebro não aumente as sensações de dor e de medo e para que reforce a atenção e a memória há que - com sossego e vagar - aprender a rotina saudável de respirar pelo nariz: fazendo 10 minutos diários de respiração nasal (seis respirações por minuto), e um truque para o conseguir é acostumar a língua a descansar no palato. Depois, tendo como certo e não abrindo mão de que a preguiça é uma virtude importante: ouvir passar o vento, mandar o medo e a ansiedade às malvas, querer tanta vida como a vida das árvores verdes e, como diria Fernando Pessoa, "esperar por D.Sebastião, quer venha ou não!".

Adenda 1..., com memória.

*A suspensão geral de actividades lectivas é suspensão do direito ao ensino (art. 74º da CRP) e não suspensão da liberdade de ensinar, registe-se.

** É imperdível este ensaio "A democracia e os mortos", do filósofo José Gil.

Adenda 2 (01/02/2021)..., nem de propósito!

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