Deus existe desde a véspera de tudo começar
Ao reler (por dever de ofício) mais uma outra vez o livro "A desilusão de Deus" - páginas recheadas de darwinismo e, de certeza, muito agradáveis para quem está convencido de que Deus não existe - recordei-me, primeiro, que, em tempo certo, escrevi que há uma prova provada de que Deus existe desde a véspera de tudo começar; depois, abri o meu caderno de notas soltas e escrevi: "Tudo é tão simples agora! Corre uma brisa suave, acaba de levantar voo um pássaro de que não sei o nome, o rosmaninho dá guarida às abelhas nas suas volutas azuis e a minha pele (eu tinha, acompanhado de uma noção de perda, escolhido memórias para viajar) arrepia-se sem saber se está calor ou frio: eis um instante trivial. Um instante trivial, onde a ausência se faz presença, é maior que a vida. Descobri, graças às sábias manipulações do tempo e com as narinas a respirar ar da montanha, descobri que são os instantes triviais que enchem os dias claros e que são os instantes triviais que sempre vivem agarrados a nós, não é ajuizado interromper um instante trivial... Deus deve existir para caber nEle a magnitude dum instante trivial, ouvi dizer uma voz que há muito conheço, a voz da minha consciência crítica (que tem todas as qualidades que se queiram).". Quando acabei de escrever um melro cantou num castanheiro antigo antes de ensaiar evoluções aladas, para logo a seguir desaparecer no horizonte. Que mais ainda quereria ele dizer-me? Que Deus existe desde a véspera de tudo começar, aposto.
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