Sobre as origens (muito pouco visíveis) da epimemética

Vestido Charles Frederick Worth. Eric Illustration - Vogue 1939. © Getty Images                           Vestido Charles Frederick Worth. Eric Illustration - Vogue 1939. © Getty Images
(mensagem recebida)
Se quer que lhe diga, meu caro divulgador dos significados de mim, não tinha intenção alguma de lhe escrever esta mensagem (nem esta e nem uma qualquer outra). Porque, ao sentir em mim o crescer da fúria perante os desmandos da pandemia e dos seus gestores (técnicos e políticos e afins), fico sem jeito com os tratos de polé e não quero descarregar impropérios em cima de si. Mas, adiante, que quer, vi este vestido "Charles Frederick Worth" que viaja na "Vogue - 1939", e logo um pensamento mental e sensível se formou em mim. Deus meu, um vestido a viajar no tempo, mais: também no vestido viajam desenhos lindos, viajam como as plantas, os arbustos e as árvores viajam na natureza e viajam tanto quanto as estrelas a tremeluzir viajam no céu nocturno. Sério, acredito mesmo que sim, juro-lhe, é o que eu penso que acontece, e ainda mais, oiça: então não é que ontem me fez confidências um interessante seixo esbranquiçado das metáforas? Passei-me, até corei, nem lhe digo e nem lhe conto. Pesquisei mais bem o vestido e os trejeitos acoplados, e, ups, descobri. Lá fui eu à cata do meu caderninho com desenhos rabiscados: pendurei os meus olhos grandes em duas páginas do meu belíssimo caderninho preto argolado, vida, alguns desenhos meus são tal qual os desenhos que moram no vestido! Aprender não tem fim, sosseguei-me. Preparei sem pressas um café perfumado, e disse-me: aquele vestido é meu, e os trejeitos dela são os meus jeitos, não pode ser, pode lá ser, vida minha gratuita, além da epigenética também (rimou, ups) por aí anda perdida a epimemética, perdida por montes e vales (por montes e vales, gosto, excelente metáfora que nasceu no meu olhar ao ver aquele vestido). Adiante. Minha Santa Maria das Surpresas Inteligentes, quão bem me sinto, deuses, parte-se em mim qualquer coisa, céus, naquele vestido estão as minhas linhas formas, todas sempre à mão, são um pequeno dicionário que sabe das minhas paisagens de dentro, são linhas e cores e molduras, sinto o perfume intenso de uma elegia primaveril, assim me sou, eu, corpo, de verdade, eu, na verdade, sou tudo, sou nada, sou a sinfonia que em mim corre, sou uma sinfonia que em dias sim (dias como hoje) voa nas asas de um rouxinol, gosto e gosto e gosto. Nem de propósito. Sabia, por acaso, que foi o Joel de Rosnay que escreveu "La Symphonie du vivant"?
Notinha
Pois sim, acredito que ficará contente por conhecer um conceito novo, a epimemetica. Ora aí está, gosto que fique interessado, a sério. Aquele vestido, vida minha, é muito eu, adoro e adoro. Adiante, ainda bem, sei que sim, sei que entende a minha saturação, sabe que navego em si sem bússola, pois não sabe? Este meu rico país (e as suas instituições) parece estar entregue a tolinhos, até mete dó. Infelizmente são em maior número que os inteligentes e por isso perseguem-nos e tomam conta de tudo. Minha Nossa Senhora, está agora a falar o dito presidente dos afectos a dizer qualquer coisa como "às vezes estamos em baixo e não sei o quê". Faz-me recordar o Herman José nos bons velhos tempos, que dizia: a vida é como os interruptores, às vezes para cima, às vezes para baixo, adiante. Que vestido aquele, vida minha pensativa, estou com a garganta embargada, céus! O quê, como diz? Que eu sou um intervalo cósmico a povoar de beleza, sem querer, a vida gratuita? Deuses, gosto, cindo-me e estou derretida, acudam, gosto e gosto!
Notinha de rodapé
Pois sim, ora oiça, e depois pense: que tal? Falta o "epi"? Pesquise, tem bom remédio.

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