O corpo humano é uma obra de arte? Quem foi Ambroise Paré?
Entender
o corpo humano como comparável a uma obra de arte pressupõe uma digressão
(demorada) por uma estética polivalente. E o que é uma estética
polivalente? Benedetto
Croce distinguiu
entre: (i)
estética puritana (falsamente atribuída a Platão, que baniu os
poetas do seu "Estado"), (ii) estética hedonística que
relaciona a arte ao prazer como origem e finalidade, (iii) a estética
pedagógica que utiliza arte para educação dos seres humanos,
(iiii) a estética mística como um caminho para Deus. Pois bem, ultrapassar todas estas estéticas, reconhecendo-lhes uma justificação parcial, é um objectivo que é sustentado pelo conceito de estética polivalente: (i) não há apenas um valor estético (o belo), mas muitos outros valores, (ii) não há uma arte superior (a clássica), mas muitas artes, perfeitas à sua maneira, (iii) não há um só aspecto da arte, mas muitos: jogo, faculdade, experiência, crença, linguagem, formação, libertação e vinculação.
Significa isto ecletismo ou relativismo? Não, nem um e nem outro, pelo contrário. Significa que a invariância das leis fundamentais se mantém (tal como na teoria da relatividade), seja: o princípio fundamental da ordem conforme atravessa as artes de todos os povos e as culturas de todas as épocas históricas e pré-históricas (... tudo nos conformes!), assim permitindo transformar em cosmos a sua pluralidade aparentemente caótica.
E o que é que este princípio de ordem conforme tem a ver com a afirmação "O corpo humano é comparável a uma obra de arte"? Muito. Para cada um dos seres humanos se tornar senhor do que é, obrigando o seu caos a tornar-se forma, importa entender e conhecer bem as capacidades e as especificidades do corpo humano. Que tal começar pela medicina: quem foi Ambroise Paré?
Adenda
... com memória.
Comentários
Enviar um comentário