Se a actividade neuronal é tipo orquestra, qual o nome do director?



(mensagem recebida)
Não sei, meu caro filósofo de trazer por casa e meu ainda admirador preferido, não sei mesmo, ou bem que a minha lendária adiantadice mental é mesmo verdadeira ou então, haja Deus, as coisas acontecem-me sem eu saber porquê. Veja bem, estas coisas atafulhadas do confinamento e do teletrabalho dão-me cabo da cachimónia, mas até que já me vou ambientando, andar descalça e sem espartilhos - entre estranheza e ousadia - é algo que me agrada; presa ao torneado enredo de mim mesma sinto-me natural e admiro os meus pés de bailarina quando poisam no chão limpíssimo que piso, e até, imagine só, uns catitas pássaros assentaram arraiais no meu terraço de horizonte-água, de onde agora me chega um cheirinho de alecrim em jeito de acontecer poético no esfuziar das plantas, gosto, adiante. Foi assim. Fui rever um documentário sobre o renomado claustro renascentista - renascença ou renascimento traduz a palavra palingenesia da teologia grega, que significa "um começo com novas bases" e que não significa ressurreição nem regresso e nem renascimento - , dizia eu que tinha ido rever um documentário sobre o claustro renascentista do Convento de Cristo, em Tomar, - aqui para nós que ninguém nos lê, com excepção do mundo inteiro, tenho intenção de o convidar a ir almoçar um delicioso prato de bacalhau com carne, no Chico Elias, nas Algarvias (rimou, ups!), résvés com a Mata Nacional dos Sete Montes, cá estarei para saber se aceita - ; calma, oiça, há dias em que sinto a viver num palácio de ideias, oiça-me, enquanto me deliciava com as explicações (mais ou menos inteligentes, mais para mais do que mais para menos) sobre as características do claustro de D. João III, a minha brilhante mente proustiana desatou a fazer das suas, desatou a falar-me da fusão de letras que deu na palavra claustro. Primeiro, hum, veio-me à mente esta minha mensagem que em tempos lhe enviei; depois, céus, até disto me lembrei; finalmente, caiu-me em cima um comunicado (datado de 12 de Maio de 2020) sobre uma experiência científica. Senhora de Fátima, pode lá ser, há cinco, oiça com ouvidos de ouvir, há cinco anos que eu já andava às voltas no claustrum cerebral (o claustrum cerebral é um lugar fechado onde se reunem todos os sentidos humanos, pois não é?), até interruptor da consciência lhe chamei, oh minha vida, porque é que eu sou pertinentemente assim? Uma coisa mental e sensível tomou conta de mim, desde a medula, um estado de alma irreversível, pleno, navego dentro de mim sem bússola, adiante. Pergunto-lhe (demore-se no comunicado sobre a experiência científica): se a actividade neuronal é tipo orquestra, qual o nome do director? Tudo bem, eu respondo: o elo perdido (em tempo chamei-lhe interruptor) da consciência mora numa zona do cérebro chamada "claustrum", que é o director de orquestra de toda a actividade neuronal, é ele ((registe (ou recorde) um texto seminal)) que regula o processo cognitivo e o estado de vigília e nos mantém conscientes. 

Adenda 1
Envio-lhe esta minha mensagem de hoje naquele saboroso jeitinho minhoto de "bai carta feliz ter com ele nas asas dum rouxinol"..., com a Nina Simone à mão de ouvir e apreciar.
Adenda 2
Verdade? Mesmo? Também pensa e concorda que o claustro renascentista de D.João III é o director de orquestra do Convento de Cristo? Gosto, gosto, e gosto!

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