Nas imagens viajam segredos primitivos, eu o sei, eu o escrevo


(mensagem recebida)
A vida tem destas coisas, meu admirador em todos os dias e ainda mais aos domingos, que quer, só agora, depois de ler um resumo do livro e o texto do jornal e a encíclica do Papa Pio XII (sim, isso, li de afogadilho) é que percebi (alô Aby Warburg!) que ainda não tinha explorado as riquezas ocultas no meu desenho, vida minha, por vezes até penso que me falha a memória episódica, não, não pode ser, raios, acabaram-se-me os pontos finais, ups, ali vai um a fugir, já está, agarrei-o. Adiante. O livro e a revelação de que o Papa Pio XII teve uma intervenção positiva na protecção da vida dos judeus são surpreendentes, só temo que seja um branqueamento da história. A ser verdade é uma forma de justiça e eu gosto. Embrulhada na túnica azul de punhos vincados, já tomei um café, já rapinei uma nesga de sol no meu horizonte-água, vamos lá ao que lhe quero dizer. Então é assim, vou resgatar significados escondidos na imagem do meu desenho, esteja atento... (1) As linhas são assim a modos que emoções em desvario, tipo, "se tens medo, sofrerás um conjunto de mudanças faciais, na pele, nos intestinos, no coração" (algo, o mesmo que acontece nas bactérias); (2) os vários corações desenhados traduzem a experiência mental daquelas mudanças que acontecem corporalmente (nos organismos dotados de sistemas nervosos, está bem de ver, óbvio); (3) a expressão "coração do sentimento..." remete para a influência dos sentimentos na evolução humana, seja então: os seres humanos têm uma inteligência desenvolvida, têm memória e comunicam através da linguagem e da escrita e isso é muito importante. Parênteses. São os sentimentos que dão aos seres humanos a motivação para inventar soluções para os problemas, têm assim os sentimentos um papel relevante nas mais variadas manifestações culturais, da arte à política e à justiça, da ética à medicina e à arquitectura, da moral à educação e à tecnologia. Fim de parênteses. Viu, entendeu? Li no desenho o que lá está ou o que eu sei? Não sabe! A resposta é: li o que lá está que eu sei. Lhe quero dizer que ainda falta um ligeiro resgate, aí o tem: os corações desenhados, principais, são dois, o meu e o seu: um e outro e os dois em conjunto servem para descobrir como funciona a nossa (minha e sua) regulação homeostática. Não percebeu nadica de nada! Céus, o que eu passo consigo! Vamos lá, oiça: quando hoje acordei pensei em si, senti-me bem e com energia, voilá, os meus sentimentos estavam a dizer-me que as coisas (o meu corpo e eu) estavam funcionando bem a nível homeostático. Como diz? Pergunta-me se os sentimentos nos dão informação sobre o corpo? Óbvio, dão informação imediata: se está tudo bem ou se algo está a correr mal (cuidado, por vezes os sentimentos também podem ser destrutivos). Não me diga, às tantas não registou na memória nada do que eu escrevi, adiante, a sua interpretação do meu desenho deixa-me de franja à banda, diz que - na sua interpretação da imagem do desenho - as linhas explicam visualmente a causa dos sentimentos e a expressão "coração do sentimento..." mostra ao mundo que sou eu o coração dos seus sentimentos. Vida, estou tão corada, tão, tão mais corada que um coração vermelho, gosto e gosto e gosto. Pois sim, é mesmo verdade, verdadinha mesmo, nas imagens viajam segredos primitivos, eu o sei, eu o escrevo.
Adenda 1
Quando tiver tempo, revisite e releia.
Adenda 2
Fernanda Câncio utiliza aqui com saber e propriedade (e oportunidade) o conceito de sentimento: "São os sentimentos que dão aos seres humanos a motivação para inventar soluções para os problemas, têm assim os sentimentos um papel relevante nas mais variadas manifestações culturais, da arte à política e à justiça, da ética à medicina e à arquitectura, da moral à educação e à tecnologia." Bem!

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