Debate eleitoral: um duelo e um apregoar de ilusões

Sobre humanos e outros animais
(John Gray)
Quem, com olhos de ver e ouvidos de ouvir, esteve muito atento ao desenrolar do debate (na televisão) com seis representantes de outros tantos partidos políticos com assento parlamentar, terá percebido três coisas importantes. Uma, ficou escancarada uma fraude política, seja: há um sétimo partido com representação parlamentar ("Os Verdes") - que até viabilizou a dita "geringonça" - que não esteve presente, um partido que nunca se submeteu a eleições. Outra, entre uma Catarina e um António aconteceu um (há muito agendado e desejado) "Duelo ao Sol"; um duelo sonso, autista, birento, até chorão (deprimente) que, de certeza, foi previamente pensado e encenado (pelo menos por um deles). Uma outra, no pandemónio que se instalou (pandemónio é uma palavra composta, adiante) ficou claro que "os chamamentos das aves e os rastos deixados pelos lobos para marcarem os seus territórios não são formas de linguagem inferiores às canções humanas; o que é distintamente humano não é a capacidade de linguagem, é a cristalização da linguagem na escrita". Não teve nenhum dos líderes (representantes) dos partidos (e nem a moderação) a capacidade para se concentrar nos programas  eleitorais (programa é uma palavra que significa o que está escrito antes) dos diversos partidos, naquilo que os distingue e naquilo que os separa, tendo em conta o interesse do planeta Terra, do Mundo, da Europa e de Portugal, e não apenas (e só) os meros cálculos e pionoquices eleitoriais (com algumas tiradas pataratas) tendo em vista a sua sobrevivência partidária.
Se isto é campanha (ou pré-campanha) eleitoral, vou ali e já volto.
Perguntas que sobram, em tempo em que até já há arranha-céus com hortas nos terraços: (1) será que não podemos livrar-nos de ilusões?; (2) será que a ilusão é a nossa condição natural de seres humanos?; (3) porque é que não aceitamos que assim seja?
Adenda 1
Será que, o que aqui se diz, também se aplica aos partidos políticos? Não! Uhm!
Adenda 2
Quicá, quem sabe, valha a pena revisitar esta palestra: a biologia do melhor e do pior de nós mesmos.

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