Enrodilhar tem a ver com algocracia? Tem?!

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Nem pela cabeça lhe passe ficar a dormitar esta manhã, trago-lhe uma imagem que o vai deixar acordado horas a fio, esta. Pelo canto do olho esquerdo, confirmei que era ela, quem mais podia ser, era ela a única fada que todos os dias (ou quase) me atazana as madrugadas e que hoje, linda e ágil como sempre (como eu a via ultrapassava as mais ousadas previsões da imaginação), me acordava com uma curiosa imagem nas mãos meninas. Mais um desenho seu, suspirei, acorda-me para me mostrar mais um dos seus desenhos, tenha dó, não. Podia, respondeu, podia ser um desenho meu, lá poder podia mas não é, serve para ilustrar a algocracia. Ilustrar o quê? Disparei. Vi que ela me olhou com ar de quem se amofinava. Antes que, aborrecida, desse às de vila diogo, pedi-lhe que me explicasse o que ela queria que eu passasse a saber sobre algocracia. Fez de conta que não ouviu, mas gostou. Disse-me então que eu deveria consultar este documento para melhor saber quão distante o discurso político, em Portugal, anda desfasado em tempo de eleições europeias. Disse ainda que um dos capítulos do documento diz respeito à algocracia. Fico na mesma, disparei, não me dou com aprendizagens por atacado. Claro que não fica mesma, veja bem, oiça-me com atenção, disse de olhos grandes em riste, e ainda: andam por aí os partidos que seguram o governo de Portugal a apregoar aos sete ventos que viraram a página da austeridade; falso: a austeridade em Portugal é um livro e não uma página. E, daí? Indaguei. Nossa Senhora, exclamou, tenho que explicar tudo, tudinho: então não vê que para ler e perceber o livro da austeridade é preciso ter estaleca e capacidade de tratamento de muita informação, não vê que uma família alargada (como por aí dizem que é o governo de Portugal) não é suficiente para tratar tanta informação? Maneira airosa, invectivei-a, de me dizer que estou metido num sarilho, que não sei, que não imagino o que seja a algocracia, que não divague, que não me enrodilhe em ambiguidades, que melhor será ir ler o documento que me apresenta. Olarila, trauteou, isso mesmo, porém, agora, quando uma nesga de sol entra pela sua janela de guilhotina, é tempo de se desembaraçar desse pijama e de se enrodilhar em mim. Brinque, brinque com o fogo, e depois queixe-se, atirei-lhe, fica avisada. Só tive tempo para lhe perguntar se enrodilhar ia bem com algocracia..., o mais não conto.
Adenda
Pergunta que sobra: está a democracia a ser corrompida pela revolução tecnológica?

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