Também (e muito) os sonhos alimentam a nossa criatividade...
(mensagem recebida)
Não interessa, meu admirador de
mim como sou e como melhor ainda hei-de ser, deixe-se de minhoquices, quero flores nesta página. Diz-me que as flores passaram
para a página anterior? Quero eu lá bem saber, tem bom remédio,
traga-as de volta... Vamos lá ao que hoje interessa. Então é assim.
Rapinei o desenho (na imagem acima - duplicada -) de Salvador Dali (o sonho, 1931) para lhe falar
da importância dos sonhos na vida. Gosto especialmente deste desenho porque
– é o que eu penso – tem tudo o que a mim diz respeito. Assim... Experimente olhar da direita para a esquerda: os meus olhos grandes
minguam até ao canto superior esquerdo. Porque é que eu sei que são
os meus olhos? Porque sim, sei e ponto. Parênteses.
Como tem obrigação de
saber os seres humanos (seja qual for a sua cultura) passam dois terços
das suas noites a sonhar; e, como também tem obrigação de saber, os
sonhos são avessos (e travessos) ao método científico.
Fim de parênteses.
Adiante. Andam por aí uns maduros (Allan Hobson e Robert McCarley)
que apregoam aos sete ventos que os sonhos são um epifenómeno das
propriedades eléctricas e químicas do sono paradoxal, assim a modos
que como
a queda dos corpos que é um subproduto da força gravitacional;
seja, os sonhos não servem para nada. Uhm, não gosto. Agrada-me
mais pensar que o sono tem funções terapêuticas e, neste caso, os
sonhos (que são constituídos por três quartos de elementos
emocionais) são uma técnica natural de psicoterapia nocturna,
digerem emoções
negativas. Gosto. Como diz? Mesmo, sério, pensa mesmo que o papel dos sonhos
é uma simulação dos perigos que podem ocorrer, que os sonhos
simulam ameaças e perigos do
futuro? Não está mal
pensado, não está não senhor. Porém, atrevo-me a sugerir-lhe que
aprenda a distinguir actividades acordadas e actividades oníricas.
Claro que sim, claro que há uma continuidade entre as actividades
acordadas e as actividades oníricas, mas estas últimas não são
uma mera cópia das primeiras. Regressemos ao desenho do Salvados
Dali. Céus, atente na diversidade das borboletas. Viu? É isso, é
isso em que eu acredito. Acredito e penso que os sonhos alimentam a
nossa criatividade, seja: recombinando as nossas memórias, de uma forma única e flexível, os
sonhos permitem-nos olhar os problemas sob um ângulo inédito,
permitem-nos sair de
um impasse e estimulam o aparecer de iluminações criativas. Como diz? Céus! Que eu moro em pensamento
no desenho estilizado e que os meus olhos moram nas borboletas? Está bem
de ver que sim. Amanhã passado, com mais tempo, farei uma leitura
iconográfica e iconológica do desenho. Por hoje chega, o dia vai
longo e a tarde ainda agora começou. Não pode ser, acaba de poisar
na minha frente uma cegonha, que elegante, que vaidosa, tem coisas de
mim. Adiante, lembrei-me deste poeminha que um dia me dedicou, este:
Hoje manhã
manhã mui e mui devagar
vi-te numa cegonha com medo de
pousar
.../...
senti-te uma emigrante de
outras terras que anuncia o tempo
que desdobra as asas de ébano
e que despe o corpo ao vento
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