Esteve dois dias sem comer e sem se mexer

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A opacidade aguda (no funcionamento e no financiamento) da constelação social das ditas IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) é algo com que todos os cidadãos (e cidadãs) se deviam preocupar, começando, obviamente, pelos principais responsáveis pelo regime político em que vivemos: os partidos políticos, o presidente da República, o governo.
Considere-se…
(1) Um cidadão decide agir ((numa forma inusitada (mas criativa e arriscada) de protesto e indignação)) em defesa dos seus direitos, questionando, especificamente, a diferença abissal entre os valores que o Estado atribui a um cidadão (nas condições em que ele se encontra) e a uma IPSS: a diferença situa-se entre 90 euros e 1000 euros (valores arredondados). E o que é aconteceu? Dos partidos ouviu-se nada, ou palavras de circunstância (do Bloco de Esquerda). Do presidente da República, apenas afectos e influência de mão no pêlo, o que não é de admirar, era demasiado prevísivel. Do governo, zero: à boleia do presidente da República emudeceu por alguns dias, alheado do mundo e da vida.
(2) Não deveria a dita CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade) pronunciar-se sobre o assunto? Óbvio que sim. Deveria ter dito o que pensa e o que deve ser feito. Mas não, ficou-se nas covas. Porém, muda, mas não queda, lá conseguiu fazer passar uma mensagem a choramingar-se e a apregoar que “encomendou” (e que já está concluído e apresentado) um estudo, que não divulga (ups: está em construção o acesso a documentos). Um estudo, registe-se, um estudo curioso (desenvolvido em 10% de universo de mais de 5600 instituições) e que, mesmo considerando apenas 10% da constelação social das instituições, chega ao cerne da questão: a sociedade civil só participa com donativos em 1% do financiamento das IPSS, um fianciamento que movimenta milhões e milhões de euros. Porque será?
Emanando de tudo isto, paira no ar um cheiro enjoativo. Parece não haver gazuas que abram as portas das instituições: são raríssimas, são raríssimas.
Ponto.
Adenda (mensagem recebida)
Concordo, meu caro, concordo, digo, acho perfeito o que acabei de ler. O que se passa não é só enjoativo: é podridão. Escuso-me de dizer os porquês, o meu admirador de mim como sou e melhor quero ser, conhece bem os porquês. Adiante, aí tem a razão pela qual não dou para peditórios, peditórios e quejandos que alimentam quem não deviam alimentar (Santa Maria, ui se eu falo do banco alimentar, acudam que me perco!). Mais. Não lhe parece que já estamos a viver tempos malucos (sem ofensa aos malucos, claro), um tempo de decadência e de governo de imbecis? Porquê? Ora essa! Pense comigo. Acabei de ouvir o ministro do ambiente a dizer que o governo (deste nosso país à beira mar plantado) quer reduzir a produção de bovinos em Portugal por causa das emissões de carbono! A sério?! E não reduzem a poluição das fábricas, não incrementam as energias limpas, etc?!!! Mesmo?! Não criamos as vacas para as ir comprar a quem...? Está tudo maluco, só pode ser, acaso sabia que até já expressões tipo "o poder do capital" me divertem? Acorda Marx, faz-te à vida! Vida, tudo isto (e mais o que não digo) me cria uma crise existencial, céus, daquelas: esse tal de "dark side". Não, não é o "dark side of the moon". Acudam, os (e as) inteligentes estão ameaçados de extinção. Quem me dera, céus, que falta me faz uma longa conversa consigo: diga-me que sim, quando e onde: lá estarei!

Comentários

  1. É a diferença entre os punidos e os impunes, os primeiros por natureza, os segundos por lei.

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