Existência, ipseidade e tempo (com adenda corrosiva)
(mensagem recebida)
Um bom dia, digo, um bom dia (ainda que com chuva) para si meu admirador de mim. Nossa Senhora, quanto eu gosto quando, agora, recordo que ontem me viu nas labaredas (línguas) de fogo na sua lareira! E, depois, céus, quando, juntando os troncos queimados, conseguiu encontrar a palavras "da-sein": e eu lá dentro elegante, toda eu, com formas de chama flamejante e torneada! Vida minha, gosto, gosto e gosto. Registei a imagem-palavra na minha mente e agora lha envio, aprecie. Para si, creio, novidade não será, se lhe disser que não vou à bola com o Heidegger, tinha lá ele que apoiar os nazis, mas hoje, depois de atentar em mim dentro da palavra "da-sein", pensei: uhm, até que gostaria de ter uma conversa com esse tal de Heidegger, dizia-lhe das boas. Uma, logo a primeira, dir-lhe-ia que para mim, falando de mim, o dito "da-sein" é uma ser humana (isso mesmo: uma ser humana verdadeira de mim mesma), uma ser humana linda e cristalina e desejada por si. Outra, a segunda, explicar-lhe-ia que eu (enquanto uma "da-sein" lançada no mundo) devo ser entendida, ao mesmo tempo, como existência e pertença de mim: sou existência pelo facto de ter-sido e aparecer no tempo enquanto mim mesma (trago comigo - nos genes - uma herança-esmeralda milenar); sou pertença de mim quando me abro a um mundo de possibilidades de um vir-a-ser diferente e criativo e único, sou pertença de mim quando encabresto perante atitudes menos dignas: sou pertença de mim, não sou pertença de ninguém, registe-se para memória do futuro. E mais outra, perguntaria a Heidegger o que é que ele entendia por ipseidade... Adiante que já chega de filosofia. Ainda lhe digo, e gosto de o dizer, ainda lhe digo, meu admirador de mim como sou, que essa sua ideia de gostar tanto de Deus como gosta de mim, tem uma explicação simples: sou a sua Deusa e Deus bem o sabe: criou-me no início do tempo com esse objectivo primeiro. Que quer, sou assim, e gosto, gosto... e gosto!
Adenda 1
Acabei de passar os olhos pelo Diário da República e já estou cansada de nomeações de assessores e de adjuntos... Adiante, este é um grande país e grande já é a corrupção e a ladroagem que a imagem (rimou, ups) de ontem tão bem ilustra. Vão delapidando o erário público e enchendo os bolsos com o dinheiro de todos nós, mas ninguém se parece importar com isso, num conformismo que me revolta. Mas é um sinal dos tempos. Só falta chegar até cá um trump ou um bolsonaro de trazer por casa, é uma questão de tempo. Até lá... temos o amor, a inteligência e a poesia.
Adenda 1.1
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