Há desenhos em que o Tempo projecta a sua lanterna-mágica...

Blombos Cave


(mensagem recebida)
Um doce, meu admirador de mim, um doce é, digo, um doce de figo seria o seu prémio se, por fortuna da inteligência, conseguisse ligar as duas imagens que lhe envio. Não se amofine, eu esclareço, é tudo uma questão de escala de espaço e de tempo e de poesia e imaginação. Chamou-me a atenção (rima doninha!) este artigo (sobre, dizem, o primeiro desenho do Homo Sapiens que revela capacidades cognitivas e simbólicas). Nossa Senhora, pensei logo: eu sei o que aconteceu (tenho uma ideia muito lisonjeira de mim, pois não tenho?). Para o confirmar, só tive que ir à gruta (de que se fala no artigo: a imagem de cima) e, pimba, disse de mim para comigo: e se na pedra de que falam estiver o desenho da paisagem? Santa Maria, porque é que eu sou assim? Imaginei-me dentro da gruta, há muitos e muitos anos, segura, com os meus olhos grandes a admirar o que via e com os meus dedos a rabiscar e a pintar numa pedra o que eu estava a ver: záscatrapaz, desenhei os contornos da entrada da gruta (donde eu a via) e, em cima do desenho, com tinta de luz coada, sugeri os lagos de água que eu também via. Céus, já vi muitas coisas belas na vida! Se estou a sonhar? Óbvio que sim, que quer, gosto de brincar e rir e sorrir com as coisas ditas sérias, é o meu jeito simbólico de estar e de ser na vida. Porquê? Ora essa porquê, porque o mundo não existe. Sério? Duvida que o mundo não exista? Pois não duvide, oiça o Markus Gabriel a explicar porque é que o mundo não existe. Céus, Haja Deus, já começa a acreditar que os meus desenhos (que moram no meu caderninho argolado) são resquícios de mim, que são memórias da minha ancestral e divinal criatividade? Também eu penso o mesmo, vida, gosto e gosto!
Notinha
Sei, está danadinho para me perguntar se é legítimo brincar com a ciência. Claro que sim, não só é legítimo quanto imperativo. Brinque, divirta-se e ponha os olhos em bico aos cientistas, tal qual eu. A talhe de foice, nem lhe digo e nem lhe conto, no tempo (e ainda hoje) em que eu me divirtia com a ciência viva havia por lá cientistas que só tinham olhos para mim. Não é para me gabar, mas tinham bom gosto (sou linda, que se há-de fazer!), viam em mim o Tempo reencontrado, os calores afogueados que eles sentiam (assim o diziam, ups rimou). Adiante, não vá eu escrever mais do que posso, os seus ciúmes de mim são mais que muitos. Tenha um bom dia, leia o artigo com atenção e surpreenda-se com as certezas do Markus Gabriel. Ah, e sorria, eu gosto muito de o ver sorrir, ponto.

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