Não se confundam as linhas das zebras com as zebras das linhas
(mensagem recebida)
Pois não senhor, meu admirador (rimou, já?), pois não senhor, este vem agora (e bem) dizer que lhe deturparam as palavras, que confundiram as zebras com as riscas, e ainda que ele não tenha razão está certo, é mesmo assim, é preciso alimentar a conversa, discordar (na vida em sociedade) faz bem ao cérebro social. Mesmo quando, e é o caso, o objectivo seja salvar a pele política (em que ele, diga-se, é exímio), adiante. Não vou perder mais tempo, mas já reparou quanto a imagem (que me inspira) é elucidativa? Seja, veja quanto os seus olhos confundem as riscas com as zebras. Mas, vamos ao que interessa. Para viver em sociedade é necessário consenso, mas por vezes há que mandar umas pantufadas bem ao jeito, caso contrário instala-se a modorra e nem a vida e nem a humanidade progridem. Quer um exemplo? Um? Não, três, dou-lhe três exemplos fantásticos. O primeiro, Galileu mandou uma pantufada daquelas na Igreja quando se abalançou a dizer que a Terra girava à volta do Sol. O segundo, as Sufragistas consquistaram o voto das mulheres numa sociedade machista e patriarcal. O terceiro, Duchamp transformou um urinol numa das peças de arte mais significativas da arte do século XX. Três exemplos, distanciados no tempo, nos domínios da ciência, da justiça e da arte que deram a volta ao mundo em que vivemos. Sei, óbvio que sei, que os seus autores arriscaram contrariar o senso comum e andaram por caminhos de terra e de pedras e de arbustos, o primeiro até só não ardeu numa fogueira por um triz. É isso, meu admirador em todos os dias e ainda em mais um, para contrariar a opinião corrente é preciso valentia, eu que o diga. Mas que quer, a sociedade humana bem que não é nem uma sociedade gregária como um enxame de abelhas e nem individualista como um lobo das estepes, tende a ser algo que fica no meio, nem gregária e nem indivualista, precisa por isso mesmo de uns valentes safanões. Concluindo, que é que agora interessa: quando discordamos, a amígdala (que no cérebro é a sede do processamento das emoções, do medo especialmente) aumenta a sua actividade. Adiante, que longa vai a conbersa, digo, conversa. Como o que nos permite discordar é a liberdade, nada melhor que lhe sugerir a leitura de um livro (seminal) do enorme John Stuart Mill, com um recadinho na dedicatória: há que não confundir as linhas das zebras com as zebras das linhas.
Adendinha
De ontem a esta parte, céus, que linda me sinto, linda com toque de princesa encantada, princesa das mil e uma noites, vida, que me terá acontecido? Santa Maria da Beleza, Vida Minha!
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