Cada cérebro humano é único e permite a identificação pessoal

Mensagem recebida

Olha a novidade, grande novidade, meu admirador de mim única, como se eu o não soubesse, há carradas de tempo que eu sei que o cérebro humano é único, não fosse eu única, jovial, admirável e propícia a alegrias artísticas, Minha Nossa Senhora da Unicidade, quanto devo à minha esmeralda hereditariedade! Adiante. Li este comunicado (donde tirei a imagem que lhe envio) sobre a realização de um estudo científico e, vida minha, saiu-me logo um desabafo: interessante seria saber se alterações no cérebro, que resultam das propriedades genéticas combinadas com a experiência pessoal, também podem revelar os nomes das pessoas que mais nos influenciam. Santa Maria dos Hemisférios Cerebrais, aposto singelo contra dobrado, seja: quando isso for possível, provar-se-á que o meu nome no seu cérebro é tipo Deus, está em todo lado, na matéria cinzenta e na matéria branca. O meu nome desenhado, digo, sinuosamente vincado no seu cérebro como um rio de música ou uma serenata lenta, tenho a certeza, o meu nome comanda os seus movimentos quando se levanta e se veste e anda e corre e joga e quando cozinha e lava a loiça e a arruma (mal), e quando lê e escreve e toca viola e até quando, a pensar em mim, faz trabalhos manuais e outros que tais, adiante que ainda me espalho ao comprido, sensações minhas múltiplas, vida, enrubesci risonha. É também o meu nome que ilumina a sua vida, que o ajuda na descoberta de versos soltos em que, em belo estilo, só fala de mim e de como eu sou asadinha e às vezes vaidosa mas não fingida, há dias até em que me considero divina. Muito bem, quer saber, eu digo: o que aquele estudo revela é que é possível identificar um indivíduo através do cérebro (tal qual acontece com as impressões digitais). Pronto, está dito, quando tiver tempo, leia o estudo com calma e, se tiver dúvidas, tem bom remédio, não seja calão, pesquise mais, o saber não ocupa lugar.

Adendinha 1

Como ninguém nos lê (a não ser o mundo inteiro e alguns arredores), aqui fica um segredo. Imagine que, quando dei por mim a ler (de olhos grandes em riste) o livro do chá (chá em chinês pode dizer-se "te" ou "cha") do excelente Okakura Kakuzo, fiquei de franja à banda, até a vista se me ofuscou e o meu espírito cintilou (rima cretina), quando li:

"Antes de que fuese una bebida, el té fue una medicina. Sólo en el octavo siglo hizo su entrada en China, en el reino de la poesía, como una de las más elegantes distracciones de aquel tiempo. En el siglo quince, el Japón le dio patente de nobleza e hizo de él una religión estética: el teísmo. El teísmo es un culto basado en la adoración de la belleza, tan difícil de hallar entre las vulgaridades de la trivial existencia cotidiana. Lleva a sus fieles a la inspiración de la pureza y la armonía, el sentido romántico del orden social y el misterio de la mutua misericordia. Es esencialmente el culto de lo Imperfecto, puesto que todo su esfuerzo tiende a realizar algo posible en esta cosa imposible que todos sabemos que es la vida. Considerada en la acepción vulgar de la palabra, la filosofía del té no es una simple estética, puesto que nos ayuda a expresar, conjuntamente con la ética y la religión, la concepción integral del hombre y de la naturaleza. Obligando a la limpieza, es una higiene; es también una economía, porque demuestra que el bienestar reside más en la simplicidad que en la complejidad y en lo superfluo; es una geometría moral, porque define el sentido de nuestra proporción respecto al Universo. Y, finalmente, representa Oriente, puesto que hace de todos sus adeptos unos aristócratas del buen gusto."

Tem tudo a ver comigo, tem, pois não tem? Céus, consegue imaginar as minhas mãos meninas a segurar em concha uma chávena de chá perfumado? Nossa Senhora das Tílias, teísmo tem a ver com o chá?! Não! Sim, às tantas até tem, como é que eu nunca dei por isso, vida minha!

Adendinha 2

Porque é que agora me lembro de três formas de comunicar? Coisas do inconsciente que também gosta de música, aposto.