No encontro eu-tu agimos por razões das quais estamos cientes...

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Claro que sim, claro que concordo, (hoje desaparece o vocativo "meu admirador de mim", acaba), concordo consigo: saber e conhecer mais sobre o mundo dos animais é aproximarmo-nos da Natureza, quem sabe esse mundo dos animais (também tão nosso) nos ensine algo interessante sobre a qualidade da política. Mas adiante, não era disto que hoje lhe queria falar. Atente nas duas imagens que lhe envio. Nossa Senhora da Beleza! A imagem em cima, céus, olhe só a quietude da elegância (quase litúrgica) da Amal, é muito eu e mim, linda, pode lá ser, raio de vida! A imagem em baixo, mãe natureza, que lhe posso dizer, dizer-lhe que é o original da fatiota da imagem de cima? Talvez. Sabe se é? Óbvio que não sabe. Nem eu sei se sei se é (ups). Tudo bem, espere um pouco, eu explico porque é que lhe envio as duas imagens combinadas. Vamos lá. Primeiro, porque dou sequência ao seu pensamento sobre os animais (o pavão é lindo, deixe para lá as elucubrações do Charles Darwin e do Denis Dutton). Depois, porque quero falar duma nova forma de pensar a natureza humana. Vamos lá, tenha calma que estou a pensar enquanto escrevo. Em tempos idos (e ainda hoje), a maneira de olhar a natureza humana partia sempre do pressuposto que os seres humanos eram constituidos por corpo e alma, olhavam a realidade a partir de um ou de outra e dos seus insólitos caprichos. Creio, tenho a certeza, que esse pressuposto deve ser alterado (desculpa Descartes, que queres, sou assim). Seja: o novo pressuposto (inovador) diz que cada ser humano é constituído por eu e tu. Eu, a primeira pessoa (alô, Wittgenstein, a gramática é importante). Tu, a segunda pessoa (claro que sim, Hegel, o reconhecimento do outro vale muito). Se assim for, nós, os seres humanos, somos objectos, apanhados nas correntes da causalidade, que se relacionam uns com os outros no espaço e no tempo. Calma, oiça-me e só depois reaja. Então é assim: cada objecto humano dirige-se a outro através de olhares, gestos e palavras, a partir do horizonte da primeira pessoa, o seu eu (uma pessoa com duas faces, aposto que o Kant concordaria, uma pessoa com os seus juízos privilegiados e a sua intencionalidade espandida). Não percebe? Vida, o que eu passo consigo, pense! Nossa Senhora da Beleza Escondida, tanto me lembro dos seus gestos, olhares e palavras: nesses inesquecíveis momentos eu (para si) era um tu. Um tu que não me descrevia enquanto "coisa" mas que, ao invés, me convocava à sua presença com tudo o que sou e me constitui, e essa convocatória sempre teve como retribuição de mim uma reacção recíproca, verdade? Nossa Senhora da Beleza Azul, quão tanto o sinto baralhado. Vou arriscar esclarecer o meu pensamento tendo a imagem de cima em fundo, leia: nesta minha mensagem de hoje, estou a dirigir-me a si em tu, assim, eu escolho-o como o objecto humano que se me dirige na segunda pessoa e que o faz porque se identifica a si na primeira pessoa em busca de mim que sou o seu tu, o alvo da sua ânsia em saber ler tudo (e mais) de mim nos meus olhos grandes inteligentes. Estou, beleza minha, bingo, estou a ler na sua mente que está roído de saudades de mim e que já percebeu que no encontro eu-tu agimos por razões das quais estamos cientes... Por aqui me fico, deliciada com os tropismos afectivos, cuide bem de si e tenha um bom dia, ponto.
Notinha
Aquele vestido, vida (lembra-se?): às tantas, um dia destes, cai o Carmo e a Trindade!

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