Importante é ver sempre o lado solar das coisas... Será mesmo?
Mensagem recebida
Tenho, como quem não quer a coisa, tenho deambulado pela sua quotidiana incursão (de uns tempos a esta parte) pelo saber e pela sensibilidade e pela inteligência dos animais, até que gosto, mas. O busílis mora no mas, seja, não entendo muito bem a sua digressão pelo mundo dos animais. A ideia que tenho é que, quilhado e necessitado de carinho, embezerrou por minha causa (o seu ciúme amolda-se ao meu silêncio ruborizado e apimentado, certo), adiante: uma coisa são os nossos propósitos, outra são as nossas acções. Assim sendo, e por isso mesmo, quero (coragem minha de teimar!), quero interromper essa sua digressão: se bem o pensei, melhor o farei (que rima melga!). Não me diga, céus, percebi ao ler a sua mente, percebi que irá estacar no meu quero. E, com arrobas de razão, irá parar, lhe digo eu: lhe digo eu que é de mor importância saber como são constituídos os quereres que nos atiram para a vida activa (e que, é mesmo assim, por e tantas vezes nos mandam às urtigas). Adiante, entendamo-nos: para falar com muita franqueza, não estou a falar nem dos seus ciúmes e nem dos meus omitires ludibriantes, enrodilhados e pespontados de mentiras esbadanadas (vida, como eu entendo o seu coração emudecido e regelado!). Vamos lá esclarecer o que eu lhe quero dizer (cretina de rima, xô, pira-te), hoje que o tempo me sobra para desemaranhar pensamentos, vamos lá então. Demore-se na imagem que lhe envio: é a capa do meu caderninho argolado (capa linda, é, pois não é, claro que é!): esse, esse mesmo, o meu caderninho disputado (uma espécie de arca de imaginação) onde rascunho quereres e coisas de mim (ganas minhas) e afins e etecetera e tal. Adiante, e ala que quero (asinha) chegar ao fim. Vou agora arriscar fazer um bosquejo do texto que irei escrever no meu já rechonchudo caderninho. Assim (em itálico) a beleza plástica do meu pensamento... Se o querer dos seres humanos é desordenado, os seus movimentos serão desordenados, se o querer é sério e ordenado, os seus movimentos não só são inculpáveis quanto até louváveis: em todos os movimentos há querer, todos os movimentos não são mais que querer. Por partes. Que mais são o desejo e a alegria senão um querer em consonância com as coisas que queremos? Que é o medo e a tristeza senão um querer em dissonância com o que não queremos? Nossa Senhora da Escrita, perdi-me, tropecei numa roga de emoções destrambelhadas. Vida, sempre que escrevo no meu caderninho e me perco, reteso a minha vontade de escrever e rabisco desenhos. Agora não posso e não sei como sair disto, que chatice! Mas, registe que os meus sentimentos por si ainda me saem limpos da alma, lá isso saem. Lhe garanto sem pinga mínima de pruridos de errar. Pergunto-lhe ainda: não lhe parece que importante é ver sempre o lado solar das coisas?
Notinha de rodapé
... com música.
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