E se Ítaca for metáfora para o íngreme caminho de volta?

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Mensagem recebida
Que quer, que posso eu dizer-lhe, meu admirado admirador de mim, digo, que posso eu mais dizer-lhe, seja (malditas vírgulas, um dia destes vão todas para o galheiro), que posso eu dizer-lhe mais! Ontem, que quer, imaginei-me nua, ups, digo, imaginei-me numa ponta de uma ponte e, no outro lado da ponte, vida, lá estava o meu admirador com um "e se?" a tiracolo. Sorte a minha, já que, atrapalhada, caí e tropecei nos sete pedaços de vento da Cristina Branco (uma das minhas canções preferidas); lembrei-me do Ulisses, coitadito (o destino sempre tem contornos de tragédia), amarrou-se ao mastro do navio para reagir ao canto das sereias. (Pimba, aí tem a explicação para a imagem que lhe envio). Logo a seguir, os meus invejados olhos grandes irisaram-se de impolutas lágrimas. E, quieta e muda e com os meus dedos finos enlaçados, olhei a vida de frente e perguntei-lhe por si. Respondeu-me ela que consultasse o meu intemerato coração. Assim fiz. E, ó céus, disse-me o meu coração que na dança ritual dos seus húmidos olhos azuis se acoita faminto um grande amor por mim, o mesmo de sempre e único e desassossegado. Nossa Senhora da Ítaca me auxilie, vida, enquanto agora respiro e me aduno à liberdade dos ventos e sinto ser o meu corpo a respiração oceânica do mundo, escorre-me dos meus olhos grandes bugalhados uma ternura funda e irrespondível. Nela me embrenho e enrosco e entorno em jeito de destino a cumprir. Gosto, gosto e gosto. Adoro!

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