A caverna da imagem não é a caverna de Platão, pois não?

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Mensagem recebida
Hoje vou (intencionalmente), meu ciumento admirador da minha beleza exterior e interior, vou ser avara de palavras. Pense comigo, gosto que pense comigo, é uma forma de me sentir soboreada por si, vamos então. Ontem, quando rabiscava umas notas soltas no meu caderninho argolado, deixei que a minha mente divagasse, solta e livre e criativa. Nossa Senhora das Neurociências, não pude deixar de sorrir, eis que, sem tem-te nem mas, uma melíflua voz interior soprou-me que os sentimentos de dor e de prazer são os alicerces da mente. Invectivei-a: muito bem, seja como dizes, mas porque é que a maior parte das pessoas não se dá conta dessa simples realidade? Ora essa, ripostou convincente em tom de créditos firmados, isso acontece porque as imagens dos objectos e dos acontecimentos que rodeiam e envolvem as pessoas (imagens de objectos e acontecimentos acrescidas das imagens das palavras e das frases que os descrevem) não deixam tempo para pensar e para viver diferente, ocupam permanentemente a atenção, as pessoas ficam cegas para ver a realidade. Olhe só, meu admirador em todos e cada dia e ainda em mais um, preparava-me para perguntar pela ubiquidade e pela finura dos sentimentos, mas arrepiei caminho e tropecei nas sílabas numa catarse poética inesperada quando essa voz (que eu bem conheço) projectou no meu caderninho a imagem que lhe envio. Colei os meus olhos grandes na página. A voz, ciosa e senhora de si, disparou enigmática: oiça (ela disse oiça e não ouve, garanto) o que (sobre o assunto) diz o José Saramago. Ouvi com muita atenção o perspicaz pensamento aferrolhado num vídeo e arrisquei sem medo: a caverna da imagem não é a caverna de Platão, pois não? Um dia destes lhe falarei dela, claro que não é, foi a resposta que registei no meu caderninho argolado. Eu, esmagada de tanto pórfiro e tanta sumptuosidade (na caverna da imagem), bem ainda lhe perguntei ainda se se tratava de rocha magmática filoniana, desmedida e despida e a abarrotar de luz do azul do céu. De nada valeu, ela ou não ouviu ou fez orelhas moucas, que vaidosa. Adiante, comecei por escrever que ia ser avara de palavras e já esbanjei adjectivos, mas que quer, quando olhei para a imagem senti-me a navegar numa experiência imersiva feita de mil ingredientes visíveis e invisíveis. Já é dia, ainda não abri a janela mas suponho que o Sol já brilha. Tenha um bom dia!
Adenda 1
A propósito de cegueira (nem de propósito): ... e o preço da cegueira política.
Adenda 2
... pois claro!
Adenda 3
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A ideia de recorrer à metáfora "o despertar dos lemmingues" é genial, pois não é? Como? Repita a pergunta, por favor. Pergunta-me se a dita grande capacidade negocial e habilidade política não é mais que o uso do poder sem o menor pingo de critério (de que a agora tempestiva manifestação de vergonha é apenas e só mais um exemplo)? Então não, óbvio que sim!
Adenda 4
Hoje, em Lisboa, meu admirador de mim que tenho fé, hoje é dia da "Procissão da Senhora da Saúde" (procissão em que participa o Presidente da República). Que a Senhora da Saúde, nos dias de hoje, nos proteja e guarde das pestes...

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