Ninguém segura o misterioso encanto da Primavera

(Mensagem recebida)

Pois sim, é verdade, meu sempre admirador de mim única, sim, já lá vai quase uma semana, e eu, céus, sem dar sinal de vida, que quer, coisas minhas, temperatura alta e uma medonha constipação que não me dá folga. Porquê? Ora essa porquê, porque sim, nervoseira e ciúmes, está dito. Só que hoje, veja lá como as coisas são, soprou-me um passarinho soprano que nada nem ninguém segura o misterioso encanto da Primavera no retorno da Páscoa, seja, a Primavera aí está (na imagem que lhe envio) florida e adornada com as cores do meu vestido florido e lisinho em curvas suaves e com o odor da terra ao romper do dia. Se o passarinho soprano que falou comigo é o que está na imagem que lhe envio? Óbvio, não se vê logo que sim, olha a novidade! Já me esquecia, até nem sei se vem a propósito, mas que quer, sou assim, adiante... Li (com atenção) este estudo; e, Nossa Senhora do Mel, pode lá ser, dizem que uma colmeia de abelhas funciona como um superorganismo em que o todo é mais que a soma das partes, que uma colmeia funciona como o cérebro humano. A propósito, conhece a regra de Farrar? Deixe para lá (gracejo meu), registe, isso sim, que eu não caibo em mim, tanto e tanto me sinto (e gosto) a sua delicada rainha melífera: sente, pois não sente? Sim, sei, sente, vejo que sim nos seus olhos azuis sequiosos de mim (rima cretina), e eu gosto, gosto e gosto. Mais, um poeminha seu, vá lá, não seja calão, ofereça-mo, vinha mesmo a calhar no jeito-maneira de ginjas silvestres ou nozes de casca verdes em dias em que me enfronho em sabores naturais e no forte perfume das giestas e do alecrim. Aqui para nós que ninguém nos lê: então não é que enquanto umas violetas descaradas e lindas me espreitavam do solo (caminhava eu numa vereda sinuosa e íngreme a pensar em si e em mim, em nós) um tordo solitário (um mui inteligente eremita recolhido que há muito conheço) desatou a cantar só para mim? Vida, ninguém segura o misterioso encanto da Primavera!