Um livro, uma planta e rosas: será mesmo que as plantas pensam?

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(Mensagem recebida)
Lhe digo que sim, que concordo, que concordo, meu ainda admirador de mim, que concordo (já lá vão três concordos, céus, mãos minhas engadanhadas), concordo com a forma como ontem homenageou (em silêncio) o Stephen Walking, gostei. Adiante. Tenho andado com os meus olhos grandes postos (sem sossego) nos amores perfeitos a florir em tom veludo no meu terraço. Pode lá ser, tanta chuva e tanto frio, e eles, afoitos e catitas, a florir como quem ri, lindos! Uhm, pensei com os meus botões, algo me escapa. Nem de propósito, manhã cedinho, caiu-me em cima um livro que ainda vou lerveja lá, um livro onde se diz que as plantas pensam, deuses, nem sei que lhe conte mais. Aliás, sei. Vamos lá. Percebo a sua pergunta, seja: já viu a capa do livro na imagem, mas não imagina qual seja a planta do meio e nem sabe o que é que a jarra com rosas ali está a fazer. Acalme-se, eu explico-lhe daqui a uns segundinhos. Primeiro, demore-se aqui: vai, aposto, adorar as ilustrações que (por dentro) animam o livro, rabiscadas pelo filósofo James (Jim) Sias. A seguir, demore-se na jarra com rosas; e aqui vai um segredo (só para si), seja ele: sempre que penso em rosas (que quer!), penso em beleza e, sei, então não sei, claro que sei (é o que por aí não falta), sei que há por aí tratados e tratados sobre a beleza, mas eu reduzo tudo a uma pergunta guicha e tripla, esta: a beleza mora no objecto ou na mente do observador ou aninha-se entre os dois? Eu caio muito para a hipótese do aninha-se, tem a ver comigo, que se há-de fazer. Finalmente, cá vou eu a debitar sabedoria: a planta do meio (na imagem), de nome Arabidopsis thaliana, serve para lhe dizer que (através de um estudo) se descobriu que o ápice caulinar daquela planta funciona como um director de orquestra que sincroniza os ritmos circadianos das raízes (de forma similar ao que fazem as os neurónios encarregados do ritmo circardiano nos mamíferos). Nossa Senhora da Beleza venha em meu auxílio! Parece que "apesar de a A. thaliana não ter cérebro, os relógios das células do tecido do seu ápice caulinar comunicam entre si e formam uma rede circardiana com uma sincronia nos ritmos das células que o compõem". E, se assim é, então os relógios celulares do ápice caulinar geram nas plantas ritmos autónomos que se reajustam face às alterações ambientais e modelam o ritmo circardiano tanto nas raízes quanto nas folhas. Pimba, já sei, a minha intuição não me engana: os amores perfeitos que moram no meu terraço com linha de horizonte-água pensam em mim; e, quando nos olhamos, a beleza deles e a minha beleza aninham-se entre nós, é por isso que a vida é bela, certo? Vida minha, e não é que comigo e com as rosas acontece o mesmo? Gosto e gosto e gosto de rosas, muito! Meu admirador, meu admirador de mim, não, nunca tinha ouvido falar na Arabidopsis thaliana? Que novidade nenhuma me dá!
Adenda
Lembrei-me, porque será? Não sei, só sei que me lembrei de "os anjos bons da nossa natureza".

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