O que a autoconsciência é na realidade (e como se pode potenciar)

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(Mensagem recebida)
Boa noite, meu ainda mais que preferido admirador de mim, como correu o seu dia? O meu dia, vida minha, embrulhou-se e enredou-se em questões e questões e outras questões, até jurídicas, enfim, ossos do ofício de uma fada multifacetada. Adiante. Desatei a pensar que é entediante pensar na ideia de eterna juventude, é garantido que não viveremos para sempre. Ter autoconsciência disso bem que é uma atitude inteligente. Não desgosto de ter mais idade, ter mais sabedoria e até (há quem diga) estatuto. Muito bem, percebo, não tira os olhos da parte esquerda da imagem que lhe envio, sei sim que as parecenças com o meu desenho são mais que muitas, que qualidades em tenho e ainda não sei, sabe? Então atente na mancha mais escura com asterisco. Trata-se do precúneo (uma parte do lóbulo parietal superior do cérebro). E porquê, porque é que lhe falo no precúneo? Ora essa, porque é uma parte do cérebro directamente relacionada com a autoconsciência, autoconsciência que, aliás, são duas: uma interior e outra exterior. Muito bem, está muito confuso e tem carradas de razão para o estar (a afirmação "uma autoconsciência são duas" baralha o pensamento), adiante, o que eu passo consigo! Tem bom remédio, demore-se por aqui e esclareça as suas dúvidas. Tenho pouco tempo para a metafísica, mas ainda lhe quero perguntar: qual é o segredo para viver mais tempo? Óbvio, claro que sei a resposta, quero é conhecer o que pensa sobre o assunto. Agora, vida minha, tenho a certeza que, enquanto lhe escrevo, potencio a minha autoconsciência (as duas: a interior e a exterior) ao sentir-me mais perto de si quando, por um copo redondinho e de elegante pé alto (isso desses), aprecio um bom e delicioso vinho alentejano encorpado. Acho que até vou dormir melhor!
Adenda 1
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Pois, desculpe, raio de vinho, que travo, até já me esquecia (até a escrita se me entaramela) de lhe dizer que a parte da imagem na direita (a encimar o início desta minha mensagem) é a capa (capa?!) de um vídeo com música da dita Sibila de Rin (a ideia que tenho é que me palmaram uma página do meu caderninho argolado). Não sabe, não imagina quem foi a mulher apelidada de Sibila de Rin (filósofa mística, naturalista, compositora e poetisa - até Pitágoras ela estudou): viveu ela no início do século XII e escreveu dois grandes tratados, Physica (sobre ciências naturais) e Causae e Curae (um espantoso tratado médico): tratados onde descreve o mundo natural e mostra um particular interesse pelas propriedades curativas das plantas. Que novidade me dá, não sabe da existência da Sibilia de Rin, surpresa minha nenhuma! Mas, mais... Céus fui à procura de uma imagem dela para lhe enviar a si e (xô, rima) agora que a olho, até suspiro (autoconscientemente): Meu Deus, ela sou eu, a mão direita é a minha, e o estilo: Santa Maria! Pode lá ser, não pode, a menos que aquele excelente e encorpado vinho, além de guardar o calor do solo e do sol alentejanos também transporte segredos (e os revele no tempo e no momento certos). Quem mais terei eu já sido, quem mais hei-de eu ser! Que me diz? Quid juris?
Adenda 2
Escrevi ontem, meu admirador de mim una e múltipla, escrevi ontem a mensagem e a adenda 1: só agora as envio, hoje pela manhã já alta. Que tenha um bom dia, Deus o queira! Eu ainda não estou em mim, mas, que quer, sou assim (rima cetina, brr), que se há-de fazer!

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