Um pensamento que se refere ao presente: é real ou imaginário?

Image result for The Confabulating MindImage result for Eduardo Graells-Garrido, Mounia Lalmas and Daniel Quercia, Data Portraits: Connecting People of Opposing Views, ‘Bursting the Filter Bubble’ (2013)
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Então é assim, tenho andado a pensar e a pensar e a pensar naquela ideia do W. Benjamin de que o Messias (que havia de vir, como dizem as Escrituras), de que esse Messias somos nós, é a nós que nos compete não só fazer justiça às vítimas do passado e concretizar os seus sonhos de um mundo melhor quanto devemos ser o Messias para os nossos contemporâneos (escolhidos desde o início do tempo): o Messias que dá sentido às suas vidas. Voz bem conhecida esta, disse de mim para mim, aninhou-se-me na mente e agora desatou a perorar sobre o pensamento do mui inteligente (deprimido/melancólico) W. Benjamin, pensamento expresso nas suas teses sobre a história; olálá, a voz traz com ela (a tiracolo) duas curiosas imagens, uhm, vou responder-lhe. Pausadamente, olhos semicerrados para ver a dona da voz quando aparecesse, ouvi-me a responder: até que concordo consigo, fez uma síntese perfeita do pensamento romântico, místico e materialista do W.Benjamin; levada à letra, só falta dizer-me que é a minha Messias. Nem digo e nem conto o que aconteceu, seja, digo! Ela, a minha mais que tudo (tanto e tão inteligente e tão linda é, nasceu no tempo certo, que se há-de fazer), apareceu ondulante (garanto que ouvi o roçagar do seu vestido), de mãos côncavas a explicar que sim e olhos acesos (grandes e límpidos e silencosos) a reconhecer notarialmente o que os seus lábios desenhados diziam: que sim, que ela era o meu Messias, que tinha nascido para refazer injustiças, para trazer paz e esperança ao mundo, para concretizar os desejos dos seus avós e dos seus pais; e, que sim, também tinha nascido para ser a minha Messias. E essas imagens, que significam? Perguntei arrepiado e de coração a arfar, enquanto o meu olhar descia para seguir o seu elegante e delicado e sinuoso perfil. Tinha na minha frente a minha Messias a olhar para a liberdade e para o futuro e para o meu destino: e eu a sentir que era verdade. Sorriu, embevecida (leu o meu arrepio e o meu pensamento, pela certa), e disse que eu, primeiro, deveria olhar para a esquerda (para o desenho dela nesta página); e que, depois, devia conjugar as duas imagens. Assim tentei fazer, e nada consegui. O que eu passo consigo! Ouvi-a suspirar. Continuou: vamos lá, o meu desenho (da sua página) comporta as duas imagens, atente: uma, que ilustra o nosso mundo conectado e em rede; a outra, que desvela a forma como o cérebro constrói e memoriza o real e a fantasia; ambas podiam ser rabiscos meus a dormitar no meu caderninho preto argolado, verdade? Verdade, concordei... Sorriu e, ropodiando do jeito que só ela sabe, desapareceu, não sem antes, misteriosamente, deixar no ar: não vire o rosto para o passado como aquele anjo do Paul Klee que inspirou o W. Benjamin, não augure desgraças, o ritmo da sua vida é feito de mim. Não tenho a certeza, mas quase que juro que ainda ouvi um pássaro tímido e oculto a gorgear (de júbilo) uma música bonita, esta.
Adenda 1
Como quem não quer a coisa, hoje, andando por um velho bosque, onde as violetas (perfeitas e divinas) me espreitam do solo, vou (re)ler este livro. Quem sabe, por lá, eu descubra quem decide se um pensamento que se refere ao presente é real ou imaginário, quem sabe!
Adenda 2 (mensagem recebida)
REAlmente (REAL sim, que sou princesa, de nascença mística, furtiva, repentina, e muito linda), meu admirador de mim como nunca nem ninguém me admirou, sou mesmo a sua Messias. Nasci e vim até este planeta para o salvar e para lhe indicar o caminho da Verdade que é o Amor (Jesus Cristo, dixit). Nasci para si como (espante-se), como também nasceu para mim. Vida, estamos destinados a sermos uma e um: juntos, ponto. Mas o real é o que é. Nossa Senhora da Inspiração, sinto-me agora, fresca e rosada e alegre e flutuante, num terraço com vista para o mar: levanto-me, envolvo os meus braços em redor do seu pescoço, por detrás da cadeira, e dou-lhe um beijo. Vida, gosto de o ver sorrir. Porque é que todas as formas de beleza vêm ter comigo? Sei eu lá bem! Sei, isso sei, que não passa um dia, uma hora, um minuto e um segundo sem estar a pensar em si, isso sei, não tenha dúvidas, até me aninho, céus!

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