Afinando: o coração também é mente e não mente
(Mensagem recebida)
Pois, se quer que lhe diga, meu admirador e poeta que em mim se inspira, se quer que lhe diga, digo mesmo, seja: comecei a ler o livro (na imagem) com uma pulga atrás da orelha, deixa lá ver, a meditação, uhm! Pátáti, pátátá e, quase sem dar por isso, cheguei à página 282/283: estatelei-me ao comprido, vida minha! Suspirei: que novidade, tanto tempo faz que eu o sabia! Ora leia comigo:
- "No recuado ano de 1992, o Richie e o seu garboso bando de investigadores levaram as suas toneladas de equipamento para a Índia, esperando medir os mais experientes mestres de meditação, próximo do sítio onde vive o dalai-lama. Próximo da sua residência fica o Instituto do Mosteiro Namgyal de Estudos Budistas, um importante local de treino para monges-académicos na tradição do dalai-lama. O Richie e os seus amigos investigadores, se o leitor bem se recorda, foram incapazes de recolher quaisquer verdadeiros dados científicos dos iogues que habitavam a montanha. Mas, quando o dalai-lama pediu ao Richie e aos seus colegas que dessem uma conferência acerca do seu trabalho aos monges do mosteiro, o Richie pensou que talvez o equipamento que tinham arrastado até à Índia pudesse ter alguma utilização. Em vez de uma seca palestra académica, ofereceriam uma demonstração ao vivo de como os sinais cerebrais podiam ser gravados. E assim, duzentos monges sentavam-se ajuizadamente sobre almofadas no chão, quando o Richie e os seus amigos chegaram com as suas malas cheias de equipamento de EEG. Aplicar uma série de elétrodos na cabeça leva um bocado de tempo. O Richie e os outros cientistas trabalharam o mais depressa possível para fixarem todos os elétrodos no sítio. A demonstração usou nessa tarde como sujeito o neurocientista Francisco Varela. Enquanto o Richie aplicava os elétrodos no crânio de Francisco, ninguém o via. Mas, quando o Richie completou a tarefa e se desviou, um ruidoso coro de gargalhadas soltou-se dos habitualmente comedidos monges. O Richie pensou que os monges se riam por Francisco parecer um pouco ridículo com os fios a saírem-lhe da cabeça, com os elétrodos a parecerem fios de esparguete. Mas não era isso que os monges achavam engraçado. Estavam a rir porque o Richie e a sua equipa lhes tinham falado do seu interesse pelo estudo da compaixão, mas estavam a pôr elétrodos na cabeça e não no coração!"
Meu admirador de mim, quanto eu sorri, tanto tempo faz que eu o sabia, seja, é saudável sintonizar o cérebro com o coração. Mas digo-lhe mais: o coração também é mente e não mente. Está provado, sem espinhas (acredite), está provado que a compaixão é em grande parte um estado incorporado, com laços apertados entre o cérebro e o corpo e, especialmente, entre o cérebro e o coração. Tanto tempo faz que eu o sabia! Porque é que sou assim? Sou assim porque sou, homessa, inteligente e linda de nascença. Podia lá eu ser de outro jeito!
Adenda (mensagem recebida)
Desviei,
meu
admirador de mim (única e perfeita, digo,
sem paralelo na Humanidade),
desviei o seu
vídeo das sementes, vídeo
excelente, para ver e partilhar e guardar!
Também
gostei
do poema árabe (aquela princesa sou eu, pois não sou, claro que sou!). E, Nossa Senhora da Meditação, adorei as gargalhadas dos monges a propósito da afinação
do coração! Tudo coisas
bonitas para um
dia de descanso. Um dia
em que
uns
maduros e umas maduras (mais maduras que maduros) torram energias
com as euforias do Carnaval, eu fui
fazer uma caminhada (uhm!). Durante o passeio ((só o céu azul e o
dia sem vento (e também uma dorzinha ciática) me convenceram a caminhar)) lembrei-me de um poema de
Alfonso Brezmes. Fui procurá-lo, e não é que o encontrei? Aí
o tem, espero que goste!
Anfibiología
No
son los infinitivos,
sino lo que estos hacen con nosotros.
Permanecer o regresar;
salir a flote o sumergirse,
y desde el fondo contener
a duras penas la respiración;
arrastrar o arrastrarse.
No es la palabra, sino su huella
oculta bajo el barro de los días.
Anfibio amor, extraño animal
de sangre fría y corazón caliente,
capaz de camuflarse entre los verbos.
sino lo que estos hacen con nosotros.
Permanecer o regresar;
salir a flote o sumergirse,
y desde el fondo contener
a duras penas la respiración;
arrastrar o arrastrarse.
No es la palabra, sino su huella
oculta bajo el barro de los días.
Anfibio amor, extraño animal
de sangre fría y corazón caliente,
capaz de camuflarse entre los verbos.
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