É preciso elogiar o anacronismo

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(Mensagem recebida)
Ontem, meu admirador de mim, passei umas horitas a ler este livrinho: um elogio ao anacronismo (gosto, gosto e gosto!). E, vida, no mesmo tempo, ainda eu matutava na mensagem de Ano Novo do Presidente da República Portuguesa e já ele (que Presidente rápido ele é!) tinha vetado as alterações à lei do financiamento dos partidos, xô, vírgulas, ponto, adiante. O que pensei melhor o digo, vamos lá. Quando li, na mensagem de Ano Novo do Presidente, que era preciso (re)inventar o futuro, que existem vários Portugais, que ele expressava a voz do Povo, Santo Cristo, desfranjei-me, e suspirei: o Presidente é Rei (rimou, ups). Até aqui tudo bem, o pior foi quando, com o anacronismo a tiracolo, naveguei nas palavras como se fossem imagens, céus! Atente... A primeira imagem, a voz do Povo. Recorri a um brocardo latino "vox Populi, vox Dei" (não sabe o que é um brocardo, ora agora não é hora de tirar dúvidas, adiante) e dei comigo a dizer: anda daí Fernão Lopes, fala-me sobre o papel da arraia miúda na escolha do Mestre de Avis para Rei de Portugal. A segunda imagem, existem vários Portugais. Nossa Senhora da Aparecida, até do Brasil me lembrei. A terceira imagem, (re)inventar o futuro. Pensei no quinto Império e em El-Rei D. Sebastião, pode lá ser! Meu admirador, meu admirador, que mais lhe posso eu dizer? Que me perguntei: se Portugal regressasse à Monarquia qual seria o cognome do Rei: Marcelo, o de Boa Memória; Marcelo, o Desejado; Marcelo, o Afectuoso? Não! Não me diga que entendeu, que entendeu que o anacronismo resolve o problema! Isso, isso mesmo, é mesmo como pensa. Deixe lá o Rei, concentre-se no nosso Presidente: e, no início deste Ano Novo, faça votos para que ele tenha boa memória, que continue desejado, que seja e continue afectuoso (um bocadinho mais comedido, talvez). Agora não tenho mais tempo, o dia me chama...
Adendinha
Vida, ainda fui reler este seu texto de há dois anos: não é que continua actual? Fui eu que lho ditei, pois não fui? Claro que fui, ah pois fui! Sou sempre eu, sou assim, de nascença, que se há-de fazer!

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