As mãos têm (por direito próprio) beleza e desejos e sentimentos
Deambulando
por aqui,
deparei com esta afirmação: "As mãos são um organismo
complexo, são um delta no qual desemboca uma vida que vem de muito longe, para transformar-se numa torrente imensa de acção. Há uma história das mãos; têm por direito próprio a sua beleza; assiste-lhes o direito de ter o seu próprio desenvolvimento, seus desejos próprios, seus sentimentos.". Parei para pensar, e lembrei-me que Joan Miró sempre falou da origem táctil da arte. Mais, disse que durante a sua juventude, em Barcelona, teve como mestre Francisco Gaudi. Mais, disse ainda que assumindo, perante Gaudi, que não tinha muito jeito para o desenho, ele lhe sugeriu que colocasse uma venda nos olhos para que tocasse os objectos com os dedos e não apenas com o olhar. Joan Miró, então, fechava os olhos, agarrava uma pedra, tacteava-a, palpava-a, revirava-a uma e outra vez nas suas mãos. Pergunta: que nos quereria dizer o pintor Joan Miró quando pintou "Mains s´envolant vers les constellations"? Talvez, quem sabe, que as mãos sabem que as constelações são assim a modos que janelas que não só abrem para a infinitude do Universo quanto possibilitam que a nossa mente perceba que existe algo mais, muito mais, para além do céu e da terra, talvez, quem sabe!
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