Acordei e não a encontrei a minha manta de lã, foi rapinada, aposto!

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Cansado e aborrecido (as razões não são para aqui chamadas), deitei-me cedo, estava frio, muito frio, muito frio mesmo, até as mãos eu tinha engadanhadas, devo ter adormecido imediatamente, tão embalado estava no sabor do arroz de míscaros. Liberto da ordem do tempo, enquanto a luz de uma imagem me cegava num sonho desvairado (e estouvado), ouvi uma voz que bem conheço (e deveras aprecio), ciciar-me de mansinho e com ar travesso mal disfarçado: reli (trago-o aqui comigo) o seu poeminha de ontem. Não sabe o caminho para si? Homessa, o caminho para si sou eu, vida, atente nos dois versos finais, sou eu a deusa que lhe alimenta o sonho, os desejos, o futuro, estou sempre consigo, adiante. Isso, é isso mesmo, a imagem que lhe revelo (em geometria é um toróide), revela a forma do Universo na cosmovisão tolteca e está agora (em velocidade estonteante) a folhear a sua mente, eu sou a sua consciência crítica, registe e nunca, nunca se esqueça. É inútil dizer que (desajeitadamente, pensei eu) a minha manta de lã de ovelha merina branca tinha dado de frosques (teria sido rapinada, ainda alvitrei) e eu tinha acordado a tiritar com um frio de rachar. Quem sabe, pensei, uhm, bem que, maravilhado, ainda olhei e olhei e nada, da dona da voz nem sinal de vida (diga-se o que se disser, tem estilo, tem carácter, é inteligente e sensível e linda), eu tinha mesmo sonhado. Manta para que te quero: anda daí, implorei! E, com a memória a jeito de colher as formas sinuosas e perfeitas da deusa que me protege, pedi ao sono que mandasse a espertina às malvas, eram lá horas de saber o que em geometria é um toróide ou o que poderia ser uma cosmovisão tolteca. Passaram apenas alguns segundos, e: pois devia! A voz tinha regressado. Fiz silêncio, eu estava um feixe de nervos e a voz soprana, em jeito escol e como quem revela um segredo (elas - a voz e a sua dona - mexem comigo, assumo), trauteou: desta forma estou sempre consigo; e, para selar a minha presença, deixo-lhe dois documentos que deve ler (este e este). Preparava-me para lhe perguntar (já tinha realinhado o meu oblíquo pensamento interior) se a mente não seria um campo holográfico à volta do cérebro, um campo que recolhe informação (do Universo) exterior ao cérebro e que a comunica a este órgão com enorme rapidez. A resposta (ridente) chegou lampeira antes da pergunta: nem mais, esse campo existe no espaço-tempo (quarta dimensão), tem efeitos no cérebro tridimensional e na forma como nós entendemos o mundo a três dimensões. Acordei e não a encontrei a minha manta de lã, foi rapinada, aposto!

Adenda (notinha política de rodapé)
Há quem, legislando à sorrelfa (em causa própria) em vésperas de Natal, escolha a prenda (que há muito tempo mais queria) embrulhada em papel pardo... Pasme-se: a nova lei estipula que as regras agora aprovadas se aplicam aos "processos novos e aos processos pendentes à data da sua entrada em vigor que se encontrem a aguardar julgamento"...
Adenda à adenda (25/12/2017)
Nem mais! (consulte-se)...

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