Em face do mundo e dos objectos o corpo é primeiro
(Mensagem recebida)
Hoje, quero dizer ontem, ontem, meu admirador (hoje já não sei se ainda o é, ignora-me e eu sei porquê), ontem, dizia eu, recebi e já ando por dentro de um livro que todos (e todas e os outros e as outras: isto de estar de bem com as modas conta muito) deviam ler e reler. É um livro clássico? Diz-me que há muitos outros livros mais actuais? E isso que interessa? O livro do Marcel Jousse é um livro clássico porque tem classe, é, pois não é? Se não é, passa a ser. Adiante que tenho que usar uma lupa para olhar a imagem. Céus, a ideia está bem esgalhada, seja, uma mão segura a capa do livro e até explica a dimensão, gosto, mas o que me intriga é a estatueta, uhm, que equilíbrio precário será aquele, às tantas (xô, vírgulas) esconde ou mostra mais do que consigo ver e imaginar. Já vi, era o que imaginava, óbvio, bendita lupa, adiante. Um dos temas que mais agrada no livro do Marcel Jousse é o tema do bilaterismo (nunca ouviu falar, olha a novidade!), isso, o tema da direita e da esquerda. Acudam, céus, nada disso, não tem a ver com a política. Vamos lá, eu explico devagarinho como convém. Sabe-se que temos um cérebro esquerdo e um cérebro direito (ligados), que temos um pulmão direito e um pulmão esquerdo, que temos um gesto direito e um gesto esquerdo (que se relacionam - inversamente - com os dois cérebros), gestos que se activam a partir das mãos ou dos pés: viu, percebeu que, por causa do bilaterismo, a leitura que fazemos do mundo é diferente? Não viu, não percebeu, vida, o que eu passo consigo, ora atente: alguém que seja esquerdino (pronto, que seja canhoto) tem uma ligação privilegiada com o hemisfério direito do cérebro, zás, o mundo é diferente; e o inverso é verdadeiro (clarividência a minha!). Só que, e é no só que que mora o nó górdio (se não sabe o que é um nó górdio, pesquise, tem bom remédio), cá para mim (e também para o Marcel Jousse, óbvio) aquilo que no ser humano é primeiro, para ler e intervir no mundo, é o corpo. Seja: sempre que o ser humano se confronta com a realidade, mede-se com ela medindo-se a si; o corpo (o meu corpo não tem lacunas de sensibilidade e é sensual e vivo) é o nosso principal recurso para viver no mundo e no tempo; tudo o resto (desde as ferramentas até aos inventos da inteligência artificial) mais não é que (apenas e só) o prolongamento dos nossos gestos...
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