Deixem-se de tretas e falem sério


(Mensagem recebida)
Gostei de reler, meu admirador em todos os dias e ainda em mais um, gostei muito de reler o meu escrito de ontem, e mais ainda por não ter aquela complicação de estar guardado em suporte em “libo” (ui, aquele patusco frade medieval, vida), sabe-se lá as dificuldades que eu teria sem manual de instruções. Adiante. Sei que gosta muito (e sei porquê) da Anne Campbell, outras conversas nossas, em que retive e até compreendi os seus argumentos, mas, adiante, céus, estou a ler agora na sua mente “o gene guicha dela acordou, tu queres ver que ela "vai dar a volta ao texto"? Calma, não se amofine, o que eu penso sobre o diferendo de opiniões - se genes se educação - é simples (relativamente) e integra os dois ses. Vamos lá que o dia me chama. Hoje, céus, vou arrasar de linda de me apresentar; e, que novidade, olhos aos molhos (rimou, ups) vão andar em cima de mim, nada que me surpreenda, vamos lá então, oiça, digo, leia com atenção (rima de uma figa!):
- partindo da premissa darwiniana da evolução, e simplificando, em que o adquirido se útil é transmissível geneticamente, então o modelo - mãe dá à luz alimenta e permanece como cuidadora, logo desenvolve skills (perdoe o estrangeirismo, mas serve e não rima) comunicacionais e relacionais, e patati patátá..., lá vai para a geração seguinte xx ou xy na devida proporção (afinal o pai também teve mãe, mas pobre xy (pobre relativamente, claro, não se sinta intimidado) só tem a dose q.b. desses atributos. Os outros foram-lhe generosamente dados pelo pai nas habilidades para as técnicas de caça, criação de instrumentos (maquinaria sui generis, produto dos tempos). E, vida, o registo mantém-se por tempos largamente desproporcionais aos de reconhecimento que havia mais de inteligência, capacidade e diversidade em ambos, mas sobretudo nas mulheres, o que a historia da humanidade sobejamente espelha. É demasiado recente, e ainda assim surpreendente, para quem tão pouco, durante tanto tempo, teve efectiva liberdade e oportunidade de ensaiar, descobrir, desenvolver e aplicar outras competências. E, sim, os cérebros ainda podem geneticamente exibir diferenças, mas são (ainda assim) contingentes. E, sim, serão transitórias: porque o presente (e espero o futuro) se encarregará de as esbater, graças a politicas que não se queiram justificar em visões parciais (e cegas) às evidencias do que têm sido os resultados de passarmos a ter alma - leia-se mente - (vida, até o inteligente Espinosa agora sorriu do outro lado da quântica que habita!), todos passarmos a poder ir à escola e a tocar piano (o quanto eu gostava de bem saber tocar piano) e a poder até escolher profissões de saber (e de sabor cientifico); e até, imagine-se, que num futuro não longínquo a matemática passe a ser uma língua materna...
Para terminar, meu admirador de mim linda e prendada (e desejada), já vai longa a minha escrita de hoje, remato: deixem-se de tretas e falem sério, seja, as diferenças genéticas são contingentes com um exercício epigenético a tiracolo, e a seu tempo provará que assim é. Claro que os bebés poderão continuar a ter mães cuidadoras e habilitadas e com pais cuja testosterona não os impedirá de um papel muito mais comprometido com esse processo (lá estará o cromossoma x a falar por si (dele). Se as meninas e os meninos (lá num futuro) terão mais ou menos desta hormona, respectivamente? É a sua dúvida em jeito de pergunta curiosa? Talvez, digo eu que raramente, digo, nunca me engano, talvez tenham apenas o suficiente para serem biologicamente reprodutores compatíveis. Acabo, Jesus Maria José, acudam, acabo de tropeçar num divertido pensamento vadio. Ei-lo. Seria interessante (se possível fosse) medir o nível de testosterona de um gladiador de antanho e de um cientista da actualidade ((ambos homens (xy)): céus, raios e coriscos, será que se concluiria que todos os cientistas são efeminados? Há coisas que me tiram do sério, vida minha!
Adenda 1
Pergunta: porque é que o plural de mãe e pai é pais e não mães, o plural de avó e avô é avós e não avôs, o de tia e tio é tios e não tias, o de madrinha e padrinho é padrinhos e não madrinhas, o de irmã e irmão é irmãos e não irmãs? Sabe?
Adenda 2
Rapinei a imagem daqui.
Adenda 3
Lá para o fim do dia, meu caro estonteado admirador do meu saber, lá para o fim do dia, pela tarde mais ou menos solarenga, irei a uma esplanada que eu bem conheço tomar uma abatanado (ups, recordei-me, gosto), usarei açúcar amarelo (Para quê o açúcar? Para adoçar, ora essa); e, mais, vou imaginar que se senta ao meu lado direito e que não se cansará de me observar (com um olhar curioso, furtivo, atrevido) até ao mínimo pormenor. Ah, mais ainda, escolherei uma chávena larga e redondinha, claro que a afagarei com a minha perfeita mão esquerda, enquanto a minha disputada mão direita a segura pela asa e a leva à boca, um gesto muito mim, está a ver o filme, está, pois não está?

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