Será que ele (ele sou eu) já escutou Vivaldi?
Tanto me faz, entenda o que quiser, sempre lhe disse que a
criatividade era assim a modos que a inteligência a divertir-se. Raio de manhã fria, pensava eu comigo, quando a ouvi chegar (a única fada madrugadora), e logo a debitar sabedoria. Era só que me faltava, ripostei, a esta hora ter que falar sobre criatividade, tenha dó, essa sua ideia de recorrer a Einstein para explicar a criatividade não me parece nada criativa. Estava linda, inteira na túnica azul de punhos vincados (curvas suaves, olhos grandes, mãos finas), mas não gostou do meu remoque. De narinas soltas (ui, que zangada!), fungou: alto aí, sei bem o que digo e conheço bem o pensamento de Einstein e sei bem o que ele queria dizer com a inteligência a divertir-se, até mais, acabei de ler este estudo e concordo, seja, confirmo: a música alegre potencia a criatividade, permite-nos fazer ligações desconexas, aumenta a capacidade do pensamento. Embatuquei, melhor seria ouvir com atenção, e disparei: sou todo ouvidos. Não se fez rogada: vamos lá, na Idade Média a criatividade era uma inspiração divina, no Renascimento era considerada uma virtude dos génios, e hoje, quando se fala de criatividade, fala-se de pensamento divergente, seja, céus, o pensamento divergente é uma faculdade que pode ser potenciada na vida de qualquer pessoa nos contextos científicos, educativos e até organizacionais. Se quer que concorde consigo, pedi-lhe, mostre-me uma fórmula eficaz, uma fórmula clara que permita potenciar a criatividade. Santo Deus, ouvi-a exclamar enquanto se despedia lampeira: será que ele (ele sou eu) já escutou Vivaldi?
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