Poetisa intermediária entre o imaginário e a realidade

Marcel Proust et Anna de NoaillesMarcel Proust et Anna de Noailles
Há muito tempo que se sabe, dizem, que ler Marcel Proust é um privilégio e um desafio. Lá terão as suas razões, mas leva tempo, desconfio que não seja coutada em que alguém se aventure facilmente. Há até quem diga (e eu concordo) que, depois de se ler (e entender) Proust, toda a vida é proustiana e a imaginação nunca mais acaba, acredito: o ser humano torna-se um ser presente e o mundo é mais aprazível e mais habitável, mesmo perante o estendal de misérias, guerra, fome e torturas. Vem isto a propósito da necessidade de eu querer saber mais (e melhor) sobre a influência da poetisa Anna de Noailles na vida e na obra de Marcel Proust. A ideia-âncora é que a poetisa Anna intermediou o imaginário e a realidade no pensamento autêntico e único de Proust. O ponto de partida (escolha minha) para desabotoar a ideia e acordar suspeitas, é um pequenino trecho de uma carta que Marcel escreveu a Anna, este:
Ce qui tombera de votre cerveau sera toujours précieux comme sera toujours fine l’odeur d’aubépine. Seulement cette sécurité n’était pas tranquillité parce que dans ces miracles certains que produisent suivant des lois instinctives, les esprits poétiques, il y a tout l’imprévu de la pensée et du sentiment, que c’est un secret chaque fois nouveau, une réalité individuelle qui n’apparaîtra pas une seconde fois à quoi ils nous initient, ce qui fait qu’une rose ressemble à une rose, mais qu’une poésie ne ressemble pas à une autre poésie.” 
Nota 1
Será avisado traduzir "aubépine" por pilriteiro? Se sim, eis duas quadras deliciosas:
Pilriteiro de mil pilritos 
que entre todas as cores 
escolhes a mais clarinha
para pintares as flores

Guardas o vermelho rubro
que nem sempre diz coisa boa
para os carrapitos de Outubro
que encantam qualquer pessoa 
Nota 2
Em tempo, escrevi isto e isto. Agora, deambulo por aqui. Como andava distraído!

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