O livro tem isto de bom: é mestre de todas as lições
(Mensagem recebida)
Acontece-me, que hei-de eu fazer meu admirador até em dias não, acontece-me ser como sou: de natureza (inata e adquirida) e circunstância feita, digo, perfeita (Damásio dixit). Sem gabarolices, sou mesmo assim: natureza e circunstância. Quanto à natureza, sou um organismo único (corpo e cérebro e cultura em sintonia). Quanto à circunstância, bom, quanto à circunstância sempre tiro partido do melhor que a vida me dá: horas de felicidade, sorrisos, amor, alguma beleza e flores para todos os gostos. Adiante, então foi assim. Depois de ontem ter lido (e pensado) as suas insufladas resmunguices e ruminações e filosofias sobre a política eleitoral, dei comigo (insatisfeita) a procurar música para me acalmar. Óbvio, fui de carreirinha até à Idade Média (gosto da Idade Média, sabe, pois não sabe?), rapinei da minha estante de livros por reler um livro espantoso do Ramon Llull "Libro del gentil y los tres sabios". Estaquei logo à entrada, li: "musica es el arte por el que tenemos doctrina para cantar y sonar adecuadamente los instrumentos". Depois é que foram elas, nem lhe digo e nem lhe conto, seja, digo e conto, agora até o meu sorriso me sai abafado: primeiro, deixei-me ir numa viagem do Ramon; e depois, depois, vida, perdi-me (até o meu coração sensível relaxou) nos sons (e nas imagens que os acompanham) dos instrumentos musicais medievais (xô, rima). Lembrava-me lá eu que havia um alaúde, uma rabeca, um cromorno, uma cítola, uma flauta travessa... Céus, agora me recordo que não ouvi o som do añafil. Nunca ouviu falar em añafil? Surpresa minha nenhuma, vida, ui, quão grande novidade me dá! Quanto ao livro? O livro tem isto de bom: é mestre de todas as lições.
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