Reformas educativas e mais do mesmo
Porquê revisitar um livro (dos anos sessenta) do
século passado? Por duas razões. A primeira, porque vale a pena deambular pela
vida e obra de Michel Lobrot. A segunda, porque farto de escrever sobre medidas
(ditas) inovadoras no sistema educativo português (aqui e aqui), encontrei nesse livro algo que
prova que há anos (muitos anos) é sempre mais do mesmo, desde a segunda metade do século XX até ao primeiro quartel deste século XXI, seja, repete-se a cartilha, que sina, que fado! Ora, leia-se e
compare-se:
"Foram sobretudo os métodos que foram renovados
(...).
Na óptica da educação “pela vida e para a vida” realidades
do meio exterior foram introduzidas nas escolas. O “estudo do meio” deu nova
vida à História e à Geografia. Os pedagogos passaram a preocupar-se com a
criação de motivações: o jogo recebeu direito de cidade na pedagogia e as
actividades começaram a transforma-se frequentemente em jogos (...). Procurou-se
a individualização do ensino, graças à qual o ensino se adapta a cada aluno e
às suas dificuldades. O movimento que acaba de ser descrito produziu-se no
princípio do século (XX). Após a
primeira guerra mundial, outros movimentos, oriundos dos mesmos princípios que
o precedente, vão mais longe. Propõem-se introduzir "de facto" uma certa
não-directividade no ensino, limitada contudo, e a que chamaremos “técnica”,
pois que se apresenta como um esforço para repensar inteiramente a relação
professor-aluno e o próprio ensino, mas de modo a introduzir melhorias e
aumentar a eficácia da aprendizagem (...).
O “método do projecto” introduziu pela primeira
vez em pedagogia a iniciativa e a escolha pela criança - não se contentando com
a mera solicitação do seu interesse. Aceita (...) que a criança passa ter a
iniciativa das suas actividades, tomar decisões, exprimir as suas vontades
(...).
A pedagogia que nos é apresentada poderia ser
definida como uma pedagogia em que o professor é quase totalmente eliminado,
pelo menos na sua função tradicional (...). O livro, máquina de ensinar, etc.,
é mais eficaz que qualquer intervenção directa do professor, o aluno aprende
melhor quando é ele próprio a regular a sua acção e a controlar-se. Estes dois
princípios permitem que o aluno se veja colocado numa relação não de
passividade face ao docente, mas, pelo contrário, de actividade (...).
Mais palavras, para quê?
Comentários
Enviar um comentário