Que calão é o tempo quando me aborreço, vida!
(Mensagem recebida)
Caiu-me, meu admirador de mim, caiu-me em cima da mesa de trabalho uma imagem da "Persistência da memória" de Salvador Dali. Este meu cérebro único tem coisas, vida, olhe só, estou a lembrar-me do "Salvador e do Amar pelos Dois", xô vírgulas (quanto me ri e diverti com o meu relato do festival, até um nó na garganta se me deu). Adiante, está explicado, seja: a imagem do Dali alerta-me para o facto de que o juízo que emitimos sobre o tempo não estar ligado a nenhum sentido, como por exemplo acontece com a visão e a audição. Vai daí, fui aos meus canhenhos à procura de informação sobre o tempo, andei às voltas da hipótese do "relógio de dopamina", sei bem o que é percepcionar a lentidão ou rapidez do tempo (óbvio que sim: a dopamina é um neurotransmissor implicado no amor, na recompensa, na motivação, no movimento). Não me convenci e nem me encabritei, e ainda bem que não, atente no que encontrei: temos um relógio interno que distorce o tempo. Aquele Dali: surrealista de uma figa e de grande calibre, distorceu os relógios! Vou seguir a investigação, meu admirador mais que ciumento, e vou saber qual a relação directa entre os sinais transmitidos pelos neurónios que produzem dopamina e a passagem do tempo. Vida minha, recordo-me agora, que quando estou junto de um lago o tempo se alonga (até me apetece povoar os campos de rouxinóis) e que quando me aventuro adentro de uma catedral gótica sinto que o tempo se arrasta. Sei, sei que sim, que tempo está sempre em relação com o espaço (ai Marina: gosto e entendo!). Mais: que calão é o tempo quando me aborreço, vida!
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