Educação e Ensino: três mitos a ter em conta
Será que sim?
(...)
Kirschner e Van Merriënboer evidenciam três mitos de educação
prevalecentes, ligados à falácia de que são os alunos que devem dirigir a sua
educação e não os professores. Estes mitos estão em conflito com o conhecimento
da ciência cognitiva e das melhores práticas de ensino. É preciso que os
professores percebam isso de modo a organizarem aulas de alta qualidade.
O primeiro mito é que os alunos hoje são "nativos
digitais" e, consequentemente, a sua educação deve envolver a imersão na
tecnologia digital. O trabalho de Kirschner e Van Merriënboer conclui que a
aprendizagem se ressente quando o ensino se centra na aptidão técnica.
O segundo mito é que os alunos têm estilos de aprendizagem
únicos e que a educação deve ser adaptada ao seu estilo. Considerando a minha
experiência, posso afirmar que este é um mito particularmente persistente nas
escolas inglesas. A Fundação de Educação Endowment - uma instituição
independente criada pelo governo em 2011 para identificar o que funciona na
educação - concluiu o seguinte: os estudos em que as actividades de ensino são
dirigidas a alunos específicos com base num "estilo" não demonstraram
de forma convincente qualquer benefício importante, em particular para os
alunos de baixo nível de escolaridade (...). Kirschner e Van Merriënboer
concluem igualmente que não há nenhuma evidência sólida de que “estilos de
aprendizagem” existam, de facto, e que não há qualquer benefício na adaptação
da instrução a esses supostos estilos. Os investigadores da referida fundação
também observam que o ensino direccionado para os estilos de aprendizagem pode
ter um efeito negativo nos resultados dos alunos.
O terceiro mito é que tudo o que se pode aprender na
escola se tornou redundante, pois uma quantidade aparentemente ilimitada de
conhecimento encontra-se armazenada nos dispositivos móveis dos alunos e
acessível com um clique. Agora os alunos têm tudo o que é necessário
para descobrirem o que quiserem. O corolário desta crença é que o ensino deve
centrar-se em competências, sobretudo competências genéricas. Este argumento é
intuitivamente atraente dado o boom tecnológico que estamos a
viver mas não é novo. Em 1914 foi dito que “as pessoas educadas não são aquelas
que sabem tudo, mas sim aquelas que sabem onde encontrar, a qualquer momento, a
informação que desejam”. Foi errado em 1914 e está errado agora. Como ED Hirsch
escreveu em 2000: “há um consenso na psicologia cognitiva que é preciso ter
conhecimento para adquirir conhecimento” (...). Não basta fornecer
ferramentas aos alunos para eles encontrarem conhecimento. Décadas de
pesquisa dizem-nos que, a fim de dar sentido e reter novas informações, os alunos
devem ter informações prévias às quais ligam novas informações.
Proporcionar aos professores investigação de alta qualidade evita que caiam
nestes e noutros mitos tão sedutores quanto falaciosos (...).
(…)
Retirado daqui.
Adenda (mensagem recebida)
Gosto, meu admirador ciumento, gosto que tenha divulgado esses três mitos: sei do que falo e até sei que são mitos, mesmo mitos. Lembra-se de quando a corrente "Escola Moderna" estava em voga e fazia apologia (rimou, ups, rimou em ia) dos mesmos? Óbvio, nem mais: alunos "autónomos" mas sem conhecimentos básicos e muito mal preparados para a vida, seja, liam mal, não tinham hábitos de escrita, fracos a matemática, nenhuma noção da sequência temporal dos factos históricos e da importância de compreender o passado para melhor entender o presente, crença que liberdade é fazer o que dá na real gana sem respeito pelos limites... Adiante que hoje o dia me chama e ontem o tempo me faltou. Porquê?! Ora essa, porquê, coisas minhas, está bem de ver.
Adenda (mensagem recebida)
Gosto, meu admirador ciumento, gosto que tenha divulgado esses três mitos: sei do que falo e até sei que são mitos, mesmo mitos. Lembra-se de quando a corrente "Escola Moderna" estava em voga e fazia apologia (rimou, ups, rimou em ia) dos mesmos? Óbvio, nem mais: alunos "autónomos" mas sem conhecimentos básicos e muito mal preparados para a vida, seja, liam mal, não tinham hábitos de escrita, fracos a matemática, nenhuma noção da sequência temporal dos factos históricos e da importância de compreender o passado para melhor entender o presente, crença que liberdade é fazer o que dá na real gana sem respeito pelos limites... Adiante que hoje o dia me chama e ontem o tempo me faltou. Porquê?! Ora essa, porquê, coisas minhas, está bem de ver.
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