Agora tenho que parar para ganhar fôlego

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(Mensagem recebida)
Estive vai não vai, meu admirador…, uhm, adiante, estive vai não vai para desancar, com umas bordoadas de marmeleiro, aquele ministro holandês (badameco de uma figa) que terá dito cobras e lagartos dos países do sul da União Europeia; mas, adiante, creio que não vale a pena, a verdade (xô vírgulas), a verdade é que (alguns) políticos portugueses também não deram uma para a caixa (salvo seja, que a Caixa já levou, digo, encaixou dinheiro que bonde). Então é assim… Soube hoje que “a mulher que aprendeu com os gregos que a beleza é difícil” decidiu partir para a terra de ambrósia e mel (isso, a terra dos deuses); e, claro (como poderia ser de outra forma?), dei comigo a pensar em língua grega. O quê? Sei, percebo a sua pergunta. Aí tem, segure-se, oiça: demorei-me na expressão “a própria coisa” – to pragma auto (em língua grega) – que surge no início da chamada digressão filosófica da Carta VII de Platão. Nunca ouviu falar na Carta VII? Surpresa minha nenhuma! Adiante, fixe que eu sei bem o que é "a coisa do pensamento" a que Platão se refere. Isso, meu admirador de mim perfeita e única, Kant andou por lá perto. Adiante. Em termos filosóficos, eu sou a coisa do seu pensamento, vida, uma citação da carta de Platão assenta-me que nem luva de pelica, ora leia: “Para cada um dos seres, existem três coisas necessárias para que haja ciência; em quarto lugar está a própria ciência, e em quinto lugar devemos colocar o que é cognoscível, o que é verdadeiramente. A primeira coisa é o nome, o segundo é o discurso que define, a terceira é a imagem, a quarta é a ciência (…); se não aprendermos em cada coisa os quatro primeiros elementos, nunca poderemos ter um saber completo do quinto”. (Nota: o quinto elemento, registe meu admirador, é pensar tudo como uma coisa única: a opinião verdadeira). Feita esta explicação, meu admirador de mim como sou e ainda melhor hei-de ser, para si, Santo Deus, (1) o meu nome, (2) aquilo que me define, (3) a minha imagem e, por fim, (4) o conhecimento que consegue realizar através deles, fazem de mim (5) um ser humano único: através de mim (e só através de mim, veja se entende) consegue, meu caro, ver e olhar e sentir o mundo à sua volta, sou eu que dou sentido à sua vida; e, acudam, a minha dizibilidade permanece não dita em tudo o que (poeticamente) de mim diz, verdade? Ora atente: "O mesmo é válido para a linha recta e para a curva e para a cor, para o fogo e a água, e para todas as outras coisas deste tipo, para cada ser vivo e para o ethos da alma, e para todas as produções e paixões: se não apreendermos, em cada coisa, os quatro primeiros elementos, nunca poderemos ter um saber completo do quinto", dizia Platão e eu concordo e assino e divulgo...  Agora tenho que parar para ganhar fôlego.
Adenda
Já ouviu falar na Bibliotheca Teubneriana? Não? Vida, que surpresa a minha nenhuma!

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