Variações soltas a propósito da extinção dos grilos


(Mensagem recebida)
Já percebi, meu caro e estonteado admirador de mim única, já percebi que não percebe o sentido da imagem (um grilo lusitano) que hoje escolhi para a minha (só para si) mensagem. Vamos lá então esclarecer. Deixe, porém, que, antes, lhe diga ainda (na sequência da mensagem de ontem) que sinto a mais funda pena, desde 1982 e até aos dias de hoje, ao ver este nosso país lusitano de mão estendida. Verdade, sim, vi este país lusitano a esbanjar o que não tinha, governantes moços de recados dos ministérios (e governados eufóricos também) dando espectáculo de pelintras e de inconsciência de pobres de espírito, tomando por realidade o que apenas era (e é) ficção. Lá estou eu a esfregar sal na ferida, vida, mas que vamos pagar a dívida com língua de palmo, ai isso vamos, e a austeridade não acabou, claro que não, eu ainda vejo (dia sim, dia sim) filas de gente à porta da "Caritas". Adiante. Foi então assim, manhã cedinho. Lancei os meus lendários olhos grandes (bugalhados) à cata de notícias da natureza e eu demorei-me aqui. Os grilos estão em extinção? Terei lido bem? Vou tentar saber mais, Santo Deus (memória espantosa a minha, vida, recorda-se?). Mas, céus e multiversos, só agora me dou conta: então não é que as cores da imagem são as cores das curvas sinuosas dos meus vestidos preferidos? Vá lá, não esteja atrapalhado, tem razões de sobra para sentir o que está a sentir, os seus automatismos não o enganam, eu sou mesmo assim, sou feita de formas suaves e perfeitas, que se há-de fazer, quanto me falta uma suave e terna serenata de grilos!

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